Titã é a maior Lua de Saturno. E ela é um dos principais candidatos do sistema solar para abrigar a vida alienígena. Claro que não há por lá ETs andando por suas superfícies gélidas em seus carros, vivendo suas vidas como nós humanos. A vida a qual nos referimos que deve haver em Titã é a vida microscópica. Mas a possibilidade de encontrá-la é extremamente animadora. Encontrar a vida fora da Terra trará inúmeras implicações incríveis para nós.
Em 2034, a sonda Dragonfly, da NASA, deve chegar em Titã. O lançamento da nave está previsto para o ano de 2027. Ela voará pela atmosfera de Titã em busca de elementos da vida e algumas outras respostar para nossas perguntas.
“Titã é diferente de qualquer outro lugar no sistema solar, e a Dragonfly é como nenhuma outra missão”, disse Thomas Zurbuchen, administrador associado da NASA para a Ciência em um comunicado da agência publicado em 2019. “É notável pensar neste helicóptero voando quilômetros e quilômetros através das dunas de areia orgânica da maior lua de Saturno, explorando os processos que moldam esse ambiente extraordinário. Dragonfly visitará um mundo cheio de uma grande variedade de compostos orgânicos, que são os blocos de construção da vida e podem nos ensinar sobre a origem da própria vida”.
Chances aumentadas
Em fevereiro de 2023, um estudo publicado ainda em preprint (disponível no arXiv), sugere a presença de água no estado líquido no local de pouso da Dragonfly por um tempo muito maior do que imaginávamos anteriormente. E bom, por algumas razões, isso aumenta ainda mais as chances de se encontrar algo interessante (como ingredientes para a vida) por lá.
O local do pouso é um cratera de impacto chamada Selk. Essa cratera, que é geologicamente jovem, surgiu com o impacto de um asteroide. Se a crosta de Titã é basicamente água, ela pode ter derretido e permanecido líquida por um tempo até ser congelada. Vale lembrar que é uma gigante quantidade de água.
No entanto, os pesquisadores sugerem um novo cenário: a água com presença de clatratos de metano. A presença do metano na água dá ao gelo a propriedade de pegar fogo. Dessa maneira, o gelo de água derrete.
“Há dois trabalhos interessantes sobre o clatrato de metano. Um indicou que os clatratos de metano são mais forte que o gelo de água, e outro mostrou que os clatratos de metano podem ser um isolante. Ambos são importantes para a formação da cratera”, disse ao Inverse Shigeru Wakita, cientista planetário do Instituto de Tecnologia de Massachusetts.
Se confirmada, a presença dos clatratos pode significar que uma maior quantidade de gelo derreteu, em relação ao que pensávamos e que essa água permaneceu no estado líquido por mais tempo, já que a presença de metano também dá à água uma característica isolante térmica.
“É mais profundo do que as estimativas anteriores”, diz Wakita. “Além disso, sua forma de toro é mais complicada do que o esperado”
As estimativas atuais da equipe de cientistas apontam que uma seção de dez quilômetros de altura e três quilômetros de profundidade descongelou, ocasionando água líquida por um período que durou entre 5 e 90 mil anos.
“Entender o processo de liberação de metano por meio de impactos é o nosso próximo passo. O derretimento do clatrato de metano certamente liberará o metano como uma fase gasosa”, diz Wakita. “E mesmo que não seja derretido, o gás metano pode ser liberado do clatrato de metano. Nosso próximo trabalho ajudará a entender o processo de fornecimento do metano na densa atmosfera de Titã”.