Detectados leitos de lagos secos em Titã, lua de Saturno

Felipe Miranda
(Créditos da imagem: NASA / JPL-Caltech / Universidade do Arizona / Universidade de Idaho)

Titã, umas das numerosas luas de Saturno, está entre os principai candidatos para busca de vida, por diversos fatores um tanto amigáveis. Por isso, a monitoramos bastante. Agora, pesquisadores encontraram evidências de leitos de lagos secos em Titã.

Titã, segunda maior lua do sistema solar, possuía como mistério há cerca de duas décadas algumas manchas em sua superfície que brilhavam bastante ao refletir a luz do Sol.

Essas observações foram feitas entre 2000 e 2008 por dois observatórios americanos:  Observatório de Arecibo, em Porto Rico, e Observatório Green Bank, no estado da Virgínia, EUA.

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São mais de dez esses pontos, que refletem sinais de rádio extremamente brilhantes. O fenômeno é chamado de reflexo especular, que é quando a reflexão se dá no mesmo ângulo de incidência da iluminação – o Sol, no caso.

Em um estudo, publicado neste mês, na revista Nature Communications, um grupo de pesquisadores abordam essas manchas, propondo os tais leitos de lagos secos como explicação.

Como eles chegaram na hipóteses de leitos de lago secos em Titã?

A ideia principal surgiu quando eles notaram algo peculiar: Titã possui lagos líquidos de metano, mas as imagens da sonda Cassini só mostravam lagos nos polos; mais próximo ao equador, não havia lagos, mas havia essas manchas brilhantes.

Então, eles começaram a cruzar os dados daqueles dois observatórios americanos com os dados da Cassini. A sonda operou em órbita de Saturno por quase 20 anos.

Concepção artística dos últimos momentos da Cassini. A sonda se jogou na densa atmosfera de Saturno para se autodestruir ao final da missão e não representar perigo para alguma das luas do planeta. (Créditos da imagem: NASA/JPL-Caltech)
Concepção artística dos últimos momentos da Cassini. A sonda se jogou na densa atmosfera de Saturno para se autodestruir ao final da missão e não representar perigo para alguma das luas do planeta. (Créditos da imagem: NASA/JPL-Caltech)

Eles, então, obtiveram três hipóteses: leitos de lagos secos, chuvas ou dunas de areias. As chuvas de metano, entretanto, não eram tão frequentes para causar o efeito. As dunas estavam em locais diferentes.

Descartadas as duas das três hipóteses mais prováveis, levantadas durante as análises de dados, sobra apenas a hipótese os leitos secos, explicação que se consolidou.

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Zibi Turtle, pesquisador do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, e que não participou do estudo, disse ao Science News sua opinião sobre a explicação:

“Acho que é um argumento convincente. É ótimo ter uma resposta para essa pergunta extraordinária e mais um pedaço de titã que entendemos melhor agora”

Turtle é um pesquisador que também possui interesse em Titã, e trabalha em outro projeto. Ele é o principal cientista da missão Dragonfly, da NASA, que pousará uma nave em Titã em 2034.

Para onde foi todo esse metano?

Sabemos apenas que há leitos de lagos secos em Titã. Além disso, esse campo é meramente especulativo, e por enquanto eles não pesquisaram a fundo para entender, mas há duas ideias principais. 

A primeira diz que há um ciclo do metano em Titã, como o ciclo da água na Terra, que a movimenta por todo o globo. Nesse cenário, o fenômeno acabou levando todo o metano para os pólos.

A outra hipótese é de que os lagos foram aos poucos evaporando, e o metano em forma de gás, na atmosfera, foi destruído pelos raios solares. Eles dizem também que ambos podem ter ocorrido simultaneamente.

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