Os movimentos separatistas do Brasil ocorreram em diferentes momentos da história, mas se deram especialmente durante o período colonial e imperial. A insatisfação era com o controle exercido por Portugal, ou ainda pelo governo central durante o Império. Assim, denotavam um caráter emancipatório, que desejava a independência de determinadas regiões de um governo controlador e limitante.
Os objetivos eram separatistas, baseando-se numa autodeterminação, mas variaram em suas origens e alguns dos valores atribuídos. Alguns eram financiados e até liderados por classes superiores, elites insatisfeitas com o governo central ou da metrópole, enquanto outros deviam-se a adesão popular das camadas baixa, insatisfeitas com sua situação precária.
Todos os movimentos, com exceção da Guerra da Cisplatina, que originou Uruguai, foram contidos e impedidos, frequentemente com grande violência. Isso possibilitou a permanência do Brasil como um único país, mas também deixou marcas e heranças nas respectivas áreas onde ocorreram.
Movimentos separatistas do Brasil
Cabanagem
Ocorrida na então província do Grão-Pará, entre 1835 e 1840. Seu estopim foi em 1833, quando os regentes do país nomearam o novo governante do Pará, Lobo de Souza, indo de encontro ao desejo das elites da região.
Aproveitando-se com a insatisfação popular diante as condições de vida precárias, as elites incentivaram a rebelião de forma a tentar reduzir o controle do Império. O movimento também chegou ao Amapá, mas eventualmente foi contido pela repressão do governo e pelas divergências internas.
Confederação do Equador
Ocorreu em 1824, na província de Pernambuco. Insatisfeitos com o governo central, cuja Constituição de 1824 instituída por D. Pedro I reduzia o poder e autonomia das províncias, lideranças da região, especialmente comerciantes, padres e fazendeiros, organizaram rebeliões com o objetivo de isolar o estado e criar a Confederação do Equador.
O levante espalhou-se para outros estados, como Alagoas, Sergipe, Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará, mas foi contida pelo Império.
Guerra dos Farrapos
Alguns dos principais movimentos separatistas do Brasil ocorreram na região sul.
A rebelião da Guerra dos Farrapos ocorreu entre 1835 e 1845, na província de São Pedro do Rio Grande do Sul, com o estopim em 1834. Revoltados com o aumento dos impostos aprovados pelos regentes, os rebeldes derrubaram o governante da província, proclamando independência com a criação da República Rio-Grandenses.
No ano de 1839, ocuparam ainda uma parte de Santa Catarina, nomeada agora como República Juliana, por ser fundada no mês de julho. As Repúblicas formavam uma confederação, com soberania e independência, mas uma aliança entre si. Contudo, em 1845, o poder voltou ao governo central.
Inconfidência Mineira
Uma revolta de caráter separatista, ocorrendo na então capitania de Minas Gerais, contra o domínio de Portugal. Os motins iniciais ocorriam por diversos motivos, como incômodo com tributação, ações das autoridades e abastecimento de alimentos.
Alguns queriam um equilíbrio de poder, enquanto outros confrontavam a soberania real. Classes superiores envolvendo comerciantes, militares, intelectuais e proprietários rurais também foram afetados. O objetivo da conjuração era eliminar o domínio português sobre Minas Gerais, buscando por formar um país independente.
Conjuração Baiana
Vários movimentos separatistas do Brasil ocorreram na Bahia, como a Conjuração Baiana, ou Revolta dos Alfaiates. O movimento tinha adesão de classes baixas, que envolviam trabalhadores simples, como sapateiros, alfaiates e ex-escravos. Buscava por independência, igualdade racial, liberdade, livre comércio e um governo democrático e republicano.
Havia impostos altos, carência de alimentos e menor quantidade de recursos na Bahia, pois a capital mudara de Salvador para o Rio de Janeiro. Isso trouxe insatisfação com a situação que se seguiu na região, deflagrando o movimento popular de emancipação.
Diferentemente da Inconfidência Mineira, a Conjuração Baiana buscava também pela libertação dos escravos, com um governo igualitário.