O Brasil não é um país do terceiro mundo. O termo “Terceiro Mundo” é usado para se referir aos países em desenvolvimento, estando associado à economia e à não-industrialização. No entanto, este é um conceito ultrapassado.
A origem da expressão “Terceiro Mundo” surgiu no trabalho do francês Alfred Sauvy. O demógrafo, sociólogo e economista inspirou-se no conceito de Terceiro Estado da Revolução Francesa, que classificava assim quem não fazia parte do clero (Primeiro Estado) nem da nobreza (Segundo Estado). Para Sauvy, assim como os burgueses franceses, os países do Terceiro Mundo deveriam se unir e revolucionar o mundo.
No contexto da Guerra Fria, no entanto, a “Teoria dos Mundos”, deu outro sentido ao “Terceiro Mundo”. O termo passou a apontar países que optaram pela neutralidade durante o conflito, não fazendo parte da aliança entre EUA e outros países defensores do Capitalismo (Primeiro Mundo), nem a União Soviética e demais países defensores do Socialismo (Segundo Mundo).
Brasil é um país de terceiro mundo, em desenvolvimento ou emergente?
Com o tempo, “Terceiro Mundo” passou a ser usado para países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. Países com algum crescimento econômico, mas ainda dependentes de outras nações e que enfrentam graves problemas sociais. Todavia, encontra-se em desuso atualmente.
A queda da União Soviética e o fato de hoje existirem pouquíssimos países não-industrializados fizeram com que o termo “Terceiro Mundo” perdesse sua abrangência, substituído por expressões como “países em desenvolvimento” ou “países emergentes”.
O que são países emergentes?
Os conceitos de “países emergentes” e “países em desenvolvimento” significam o mesmo: países que compõem um grupo intermediário entre os países subdesenvolvidos e os países desenvolvidos. Os países emergentes apresentam um nível de desenvolvimento humano ao menos mediano, algum crescimento econômico e, principalmente, capacidade para se tornar uma grande potência mundial a médio ou longo prazo.
Por que o Brasil é um país emergente?
A economia do Brasil apresenta todas essas características gerais que definem os países emergentes: industrialização, abertura econômica, grande presença de empresas estrangeiras multinacionais, forte crescimento do setor terciário (comércio e serviços) e condições de desenvolvimento econômico e humano.
Economia brasileira
O Brasil possui um sistema político-econômico vinculado ao capitalismo, que tem como objetivo o lucro e a acumulação das riquezas, baseando-se na propriedade privada dos meios de produção
Como ocorre na maioria dos países capitalistas, mesmo os considerados desenvolvidos, a sociedade brasileira é dividida entre dois grupos: burguesia, composta pelos donos dos meios de produção (indústrias, latifúndios, bancos etc.), e o proletário, que são todas as pessoas que vendem sua força de trabalho em troca de salário, independente do valor desse salário.
Dependência de outras nações
O Brasil possui um alto índice de industrialização, com economia diversificada, o que significa que a produção não se limita ao setor primário, existe uma indústria que produz eletrodomésticos, softwares, aviões e etc.
No entanto, apesar de industrializado e capitalista, o Brasil não é uma das potências centrais do capitalismo mundial, já que sua economia apresenta alto grau de dependência tecnológica e econômica, além de fragilidade comercial em relação às outras nações.
A dívida externa, pouco desenvolvimento de novas tecnologias e grande reprodução de técnicas e tecnologias criadas por outros países, além de grande desigualdade social, são outros fatores que colocam o Brasil como um país periférico no mundo capitalista.
PIB
Outro fator que separa os países emergentes dos países desenvolvidos é o seu PIB (Produto Interno Bruto), indicador econômico que traz a soma de todos os bens e serviços produzidos em um país.
Embora o Brasil possua a maior economia da América do Sul, seu PIB per capita é considerado baixo. De acordo com dados do World Bank, o Brasil obteve um PIB de US$ 1,7 trilhões em 2021, o que, com uma população de cerca de 212,6 milhões, significa um PIB per capita de US$ 7.720, ainda abaixo do limite de US$ 12.000 para um país ser considerado desenvolvido.
O que dizem as instituições internacionais?
Através dos indicadores econômicos e sociais já citados, organizações internacionais medem o nível de desenvolvimento dos países ao redor do mundo. Independente dos critérios utilizados ou do peso dado a um indicador ou outro, para nenhuma dessas organizações, o Brasil é um país desenvolvido.
ONU
A Organização das Nações Unidas (ONU) divide as nações em três grupos: economias desenvolvidas, em transição e em desenvolvimento. Para a organização, o Brasil está no terceiro grupo.
Os critérios utilizados são:
- Econômicos: PIB, renda per capita, entre outros fatores
- Produtivos: como a taxa de industrialização, a de exportação e os avanços tecnológicos;
- Sociais: taxa de desemprego, condições de trabalho e escolaridade da população estão entre os critérios
Economias desenvolvidas
De acordo com a ONU, são 36 países com economias consideradas desenvolvidas, estando a maioria concentrada na Europa e na América do Norte, além de Japão e Oceania. Os países desse grupo possuem renda per capita anual média de US$ 46.600 e as exportações concentradas em bens manufaturados e serviços.
Economias em transição
17 países, como Rússia, Ucrânia e Cazaquistão (quase todos que compunham a extinta União Soviética) são classificados pela ONU como economias em transição. Eles possuem renda per capita de US$ 7.100 por ano e suas exportações estão mais focadas em energia e produtos manufaturados.
Economias em desenvolvimento
A ONU coloca 127 países como economias em desenvolvimento. A renda per capita anual é de US$ 5.700 e a estrutura econômica pode variar de acordo com questões geográficas e culturais. O Brasil, por exemplo, possui renda per capita anual mais elevada, de US$ 7.564, com estrutura econômica baseada em exportação de matéria-prima e bens manufaturados.
FMI
O Fundo Monetário Internacional (FMI) divide as nações entre economias avançadas e economias em desenvolvimento. O Brasil faz parte do segundo grupo. Para a classificação, são considerados dados econômicos, como PIB e exportação, e sociais, fornecidos pelos próprios países. Estudos de organizações internacionais também são levados em conta.
Economias avançadas
39 países são apontados como economias avançadas. Eles representam 41,3% do PIB global, 63,6% das exportações , mas somente 14,4% da população mundial. Entre essas economias estão Canadá, Japão e Estados Unidos.
Economias em desenvolvimento
O FMI lista 155 países como economias em desenvolvimento. Esse grupo representa 85,6% da população e 58,7% do PIB global, mas movimentam apenas 36,4% das exportações. Entre eles estão Brasil, Argentina, China, Índia, México e Rússia.
OMC
A Organização Mundial do Comércio (OMC) é a única entidade que permite aos países escolherem sua classificação, podendo se declarar desenvolvido ou em desenvolvimento. Uma vez feita essa autodeclaração, esta não pode ser questionada pelos outros membros.
O status de país em desenvolvimento, que é o status atual do Brasil, pode conferir algumas vantagens comerciais, como maior flexibilização de normas e colaboração das economias desenvolvidas
Banco Mundial
Diferente das anteriores, a classificação do Banco Mundial leva em conta apenas a renda per capita anual da população, desconsiderando indicadores sociais. São quatro categorias:
- Renda anual baixa: países com renda per capita inferior a US$ 1026. 31 países são elencados nessa categoria, como Afeganistão, Haiti, Etiópia e Serra Leoa.
- Renda anual média-baixa: renda per capita entre US$ 1.026 e US$ 3.995. São 47 países nesta categoria. Bolívia, Egito, Índia e Ucrânia estão entre eles.
- Renda anual média-alta: renda per capita entre US$ 3.996 e US$ 12.375. 60 países, como Brasil, Argentina, Cuba e Rússia, aparecem nessa categoria.
- Renda anual alta: renda per capita superior a US$ 12.375. São 80 países na categoria, entre eles: Alemanha, Estados Unidos, França e Uruguai.