Pela primeira vez os cientistas nomearam uma onda de calor (como fazem com furacões). Seu nome: Zoe. Os cientistas espanhóis concederam o apelido a uma onda de calor que fez a temperatura elevar-se a 44,4 graus Celsius em Sevilha entre os dias 24 e 27 de julho. É um novo esforço para alertar o público acerca dos perigos de temperaturas extremas e seus riscos, de acordo com José María Martín Olalla, professor da Universidade de Sevilha.
É comum que furacões recebam nomes humanos, mas Zoe é a primeira onda de calor a ser nomeada assim. O nome é um esforço do proMETEO Seville Project, que visa aumentar a consciência pública acerca do calor extremo, buscando formas de reduzir os perigos das ondas de calor.
Os riscos em torno de uma onda de calor
Ondas de calor não são apenas dias quentes. A Agência Meteorológica do Estado Espanhol (AEMET) define uma onda de calor como episódios de pelo menos três dias consecutivos onde pelo menos 10% das estações meteorológicas registram temperaturas acima dos 95% registrados entre julho e agosto de 1971 a 2000. De maneira geral, uma onda de calor é um período onde as temperaturas registradas ultrapassam de maneira significativa a média da região.
Elas podem ser perigosas, especialmente para populações vulneráveis, como pessoas idosas, assim como para trabalhadores que atuam em áreas externas e expostas. A Organização Mundial de Saúde (OMS) calculou em 2018 que entre 2000 e 2016, o número de pessoas expostas ao calor extremo a cada ano cresceu em 125 milhões. Esse nível de temperatura pode ser mortal, particularmente em regiões onde não há ar condicionado ou prédios construídos para sustentar tal nível de temperatura.
Novas ondas de calor com novos nomes
Zoe pode ser a primeira onda de calor a ter um nome, mas possivelmente não será a última. Autoridades da Espanha planejam alternar entre nomes masculinos e femininos em ordem alfabética inversa no futuro. Nomeando ondas de calor, o proMETEO Seville espera informar o público que é necessário tomar um cuidado extra se tratando desse assunto.
Novos incêndios na Espanha queimaram quase 15 mil hectares em meio a uma nova onda de calor. A China, na última segunda-feira (15), emitiu um alerta vermelho referente ao calor extremo, quando a temperatura ultrapassou 40 graus em diversas regiões do país. Os especialistas ainda apontaram a onda de calor como sendo a “mais intensa e longa” nos últimos 60 anos.
Eventos como esse estão se tornando mais comuns em outras partes do globo, e outras ondas de calor atingiram a América do Norte meses atrás, causando a morte de dezenas de pessoas. De acordo com a Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), em torno de 200 pessoas nos EUA morrem anualmente devido ao calor.
As mudanças climáticas causadas pela atividade humana não são o único fator por trás das ondas de calor e outros eventos climáticos extremos, mas intensificam a sua frequência e intensidade, trazendo fenômenos mais extremos e danosos à segurança humana.
Durante uma onda de calor, a OMS aconselha deixar as janelas abertas durante a noite, para resfriar o ar, e manter a luz fora durante o dia. Cuidados especiais devem ser tomados para garantir que crianças, pessoas acima de 60 e aqueles com doenças crônicas sejam resfriadas.