O Gebelein Man era uma das seis múmias que foram escavadas em 1986. Elas estavam em seis covas de areia rasas localizadas na antiga cidade desértica egípcia de Gebelein, que fica cerca de 40 quilômetros ao sul de Tebas.
Todas as múmias encontradas nessa escavação são múmias naturais de cerca de 3400 a.C., o período pré-dinástico tardio. De todas as múmias escavadas, apenas a primeira se tornou amplamente exibida. Seu nome oficial é EA 32751, mas ela se tornou mais conhecida como Gebelein Man.
No entanto, varreduras recentes do esqueleto de Gebelein Man indicaram que ele morreu devido a um ferimento no ombro, que se mostrou ser um machucado penetrante que perfurou seu pulmão esquerdo. Como não havia indicação de cura ao redor do músculo, ele foi considerado letal.
O caso da morte de Gebelein Man
O corpo de Gebelein Man estava tão bem preservado que não apenas suas características faciais e cabelos eram aparentes, mas havia também uma ferida na superfície de sua carne sob sua omoplata esquerda.
Isso se deve ao fato de que Gebelein Man e as demais múmias, foram mumificadas de forma natural. Essa técnica consiste em secar o morto ao sol escaldante em um substrato de areia até que estivesse totalmente seco.
Para realizar a pesquisa, em 2012 Gebelein Man foi cuidadosamente transportado para o Hospital Bupa Cromwell. Ao chegar no local, em apenas 30 segundos seu corpo foi digitalizado, fornecendo assim dados suficientes para um vislumbre completo de suas entranhas. Uma mesa de autópsia virtual foi então usada para analisar os dados.
Daniel Antoine, curador de antropologia física do museu, disse à BBC: “Já vi que sua omoplata está danificada e a costela sob a omoplata também está danificada. Tudo isso sugere uma morte violenta.” Em poucas palavras, ele foi assassinado.
Os ossos não tinham feridas defensivas, levando os investigadores a acreditar que ele foi pego de surpresa e morto rapidamente. Como resultado, ele provavelmente foi morto por volta dos 18 a 21 anos em tempos de paz por uma facada violenta nas costas.
A pesquisa conseguiu também identificar como seria o objeto utilizado para matá-lo. Seria uma adaga feita de cobre ou prata com lâminas medindo de 15 a 16,5 centímetros de comprimento e 4 a 5 centímetros de largura, que eram as medidas comuns no Egito. No golpe que o matou, quase toda a extensão do objeto foi enfiada em suas costas.
Múmias Gebelein tem as tatuagens mais antigas da África
Outra descoberta surpreendente foi revelada em 2018, quando os cadáveres de Gebelein foram reexaminados como parte de um esforço de conservação. Varreduras infravermelhas mostraram manchas fracas em seus braços indicando que eram tatuagens.
As múmias examinadas foram duas: um homem e uma mulher. As tatuagens na mulher eram mais abstratas e difíceis de decifrar enquanto que a do homem eram figurativas, retratando um touro selvagem com cauda longa e chifres espetaculares e uma ovelha bárbara com chifres curvos e ombros dobrados, ambos com chifres levemente sobrepostos.
Até a data, a única evidência de tatuagem do Egito pré-dinástico vinha na forma de tatuagens abstratas esculpidas em estatuetas femininas, levando os estudiosos a concluir que as mulheres eram tatuadas como parte dos ritos de fertilidade.
Gebelein Man, por outro lado, reformulou inteiramente as primeiras evidências da prática para incluir homens e tatuagens figurativas. Os pesquisadores acreditam que os homens egípcios pré-dinásticos podem ter feito tatuagens como marcas de virilidade e poder, com base nos desenhos gravados em seu braço.
Os ossos de Gebelein Man forneceram informações intrigantes sobre o Egito pré-dinástico por quase 125 anos. Hoje, devido a pesquisas contemporâneas, sabemos que Gebelein Man foi atacado por um assassino desconhecido há cerca de 5.400 anos atrás.