Artista faz tatuagens iguais a de múmia da Era do Gelo

Letícia Silva Jordão
Imagem: Nicole Wilson

Quando Ötzi, uma múmia da Era do Gelo foi desenterrada em 1991, ele foi considerado o ser humano preservado mais antigo encontrado, possuindo 5.300 anos de idade.

Ele foi encontrado por um casal de alpinistas nos Alpes Orientais, e possuía 61 tatuagens por todo o seu corpo. Quando a estudante Nicole Wilson descobriu isso, ficou fascinada, e decidiu reproduzir as tatuagens em si mesma, usando seu próprio sangue como tinta.

A descoberta da múmia da Era do Gelo

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Imagem: Museu de Arqueologia do Tirol do Sul

Ötzi recebeu esse nome em homenagem aos Alpes Ötzal, que fica localizado na fronteira ítalo-austríaca. O casal de caminhantes que o encontrou se chama Helmut e Erika Simon, e a princípio eles achavam que o cadáver de Ötzi fosse de algum colega alpinista que morreu recentemente.

Somente após o corpo ter sido levado até o escritório do médico legista em Innsbruck, é que ele foi datado entre 3350 e 3100 aC. O seu corpo estava tão bem preservado que os especialistas foram capazes de identificar a sua última refeição, e que ele morreu de uma flechada no ombro na primavera ou verão, pois havia pólens no seu estômago.

Nicole Wilson gosta de dizer que “[…] ele foi preservado devido a circunstâncias cataclísmicas […], cobrindo-o de neve e gelo que preservou perfeitamente seu corpo. Ele é uma múmia, mas não da mesma forma que as múmias egípcias. Ele não estava preparado para a morte de forma alguma.”

O local em que ele ficou na sua morte contribuiu para esse nível de preservação, onde o gelo glacial conseguiu conservar o seu exterior, e a umidade do gelo manteve seus órgãos e pele intactos, incluindo suas tatuagens.

Ötzi tinha cerca de 16 tatuagens próximas à caixa torácica, coluna lombar, pulso, joelho, panturrilhas e tornozelos que eram compostas por linhas e cruzes. Suas tatuagens foram feitas esfregando o carvão pulverizado em pequenos cortes, mas a artista Nicole Wilson resolveu inovar, e fazer as mesmas tatuagens utilizando seu próprio sangue.

O projeto de Nicole Wilson

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Imagem: Nicole Wilson

Quando Nicole descobriu a múmia da Era de Gelo, ficou totalmente atraída pela ideia de compactar o tempo através de tatuagens. “Comecei a ficar realmente obcecada com a ideia de me encaixar na história”, diz Wilson.

O projeto de Nicole se iniciou em 2012, onde uma amiga que tinha a pistola de tatuagem concordou em ajudá-la no projeto e replicar a arte com seu sangue. Enquanto isso era feito, Wilson documentava as marcas da múmia da Era de Gelo sendo absorvida pelo seu corpo, deixando cicatrizes escuras.

Depois, em 2015, pesquisadores encontraram mais duas tatuagens na múmia utilizando imagens multiespectrais. Nicole não pensou duas vezes e foi correndo repetir os símbolos no seu projeto, dessa vez com a ajuda de Three Kings Tattoo, que concordou em utilizar seu sangue como tinta e exibir suas fotos no Brooklyn.

Nicole diz que é interessante viver com marcas no corpo, e que por mais que a ação inicial seja muito poderosa, ela não pode conviver por muito tempo com as marcas, pois elas desaparecem conforme o tempo passa.

Segundo cientistas, o propósito das tatuagens de Ötzi não foi descoberto, mas eles acreditam que as linhas, cruzes e outros símbolos encontrados em Ötzi tenham relação com a acupuntura. Se isso se mostrar verídico, essa múmia estaria carregando as primeiras evidências da prática, que antecede os primeiros exemplos vistos na Ásia em 2.000 anos.Para quem quer conhecer mais do trabalho de Nicole Wilson com as tatuagens da múmia da Era de Gelo, é possível encontrar suas fotografias na internet, ou ver o seu trabalho de perto na exposição que ocorrerá em Los Angeles e Londres em 2022.

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