Pesquisa sugere que tatuagens podem ajudar a detectar câncer

Matheus Gouveia
Em uma paleta de cores de tinta de tatuagem, cada cor carrega uma impressão digital espectral exclusiva que pode ser usada como um código de barras de imagem para melhor identificar e detectar tumores. (Tatuagem e design criado por Adam Sky)

Os pesquisadores esperam que o seu estudo abra as portas para o uso de pigmentos e corantes comuns de tatuagens em testes médicos, para ajudar na detecção precoce de doenças, incluindo tumores. Portanto, tatuagens poderiam ajudar a detectar o câncer.

Agentes de contraste, o que são?

Na medicina diagnóstica e em alguns procedimentos cirúrgicos, agentes de contraste de imagem consistem em materiais usados ​​para aprimorar as imagens produzidas por raios-X, tomografia computadorizada (TC), imagem por ressonância magnética (MRI) ou ultrassom. Esses materiais, após ingeridos ou injetados, colorem temporariamente partes específicas do corpo, como células, órgãos, vasos sanguíneos e certos tecidos. Dessa forma, isso ajuda os médicos a ver anormalidades que podem indicar doenças.

Atualmente, usa-se apenas três corantes com propriedades fluorescentes como agentes de contraste para imagem óptica: o azul de metileno, o verde de indocianina e a fluoresceína sódica. 

Tatuagem para detectar câncer
Existem outros agentes de imagem escondidos à vista de todos? (Kay Fiedler / EyeEm / Getty Images)

Inspiração em arte de animações

A pesquisadora biomédica Cristina Zavaleta trabalhava em seu pós-doutorado em um laboratório de imagem molecular em Stanford. Seu trabalho envolvia a avaliação de agentes contrastantes usados ​​para detectar tumores em animais. Além disso, ela também é artista amadora, e na época havia entrado em um curso de design para animações.

Anteriormente, durante uma aula de arte, a pesquisadora ficou impressionada com a intensidade das cores do guache, que são tintas vibrantes à base de água.

“Enquanto meu cérebro artístico estava pensando nessas tintas, pensei comigo mesma, quais tintas já são usadas em humanos?” diz Zavaleta.

Logo veio a resposta: tatuagens. Pigmentos de alta qualidade usados ​​em tatuagens são feitos de sais minerais e quelatos de metal, e foram isolados de fontes naturais. Então, ela percebeu que a tinta das tatuagens poderia ter utilidade como agente contrastante.

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Depois disso, Zavaleta mergulhou em sua pesquisa. Ela entrou em contato com o tatuador Adam Sky, cujo trabalho ela admirava, quem se interessou pela pesquisa e deu, enfim, a ela algumas amostras das tintas que ele usava.

Assim, ela mediu duas propriedades ópticas das tintas, a fluorescência e as propriedades de espectroscopia Raman.

A fluorescência está relacionada à capacidade de um corante ou pigmento de absorver e emitir luz. Já a Raman, por outro lado, permite observar vários processos que acontecem dentro do corpo humano ao mesmo tempo, indicando como a luz se espalha. Geralmente, usa-se ambas ​​em técnicas de imagem para detectar formas diferentes de câncer. Isso pode ajudar a mostrar se as células e os tecidos revelam múltiplos genes, anomalias, ou se estão associados a algum tipo de câncer, como câncer de mama ou câncer de pulmão, por exemplo.

O estudo está disponível na Royal Society of Chemistry.

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