Os pesquisadores esperam que o seu estudo abra as portas para o uso de pigmentos e corantes comuns de tatuagens em testes médicos, para ajudar na detecção precoce de doenças, incluindo tumores. Portanto, tatuagens poderiam ajudar a detectar o câncer.
Agentes de contraste, o que são?
Na medicina diagnóstica e em alguns procedimentos cirúrgicos, agentes de contraste de imagem consistem em materiais usados para aprimorar as imagens produzidas por raios-X, tomografia computadorizada (TC), imagem por ressonância magnética (MRI) ou ultrassom. Esses materiais, após ingeridos ou injetados, colorem temporariamente partes específicas do corpo, como células, órgãos, vasos sanguíneos e certos tecidos. Dessa forma, isso ajuda os médicos a ver anormalidades que podem indicar doenças.
Atualmente, usa-se apenas três corantes com propriedades fluorescentes como agentes de contraste para imagem óptica: o azul de metileno, o verde de indocianina e a fluoresceína sódica.
Inspiração em arte de animações
A pesquisadora biomédica Cristina Zavaleta trabalhava em seu pós-doutorado em um laboratório de imagem molecular em Stanford. Seu trabalho envolvia a avaliação de agentes contrastantes usados para detectar tumores em animais. Além disso, ela também é artista amadora, e na época havia entrado em um curso de design para animações.
Anteriormente, durante uma aula de arte, a pesquisadora ficou impressionada com a intensidade das cores do guache, que são tintas vibrantes à base de água.
“Enquanto meu cérebro artístico estava pensando nessas tintas, pensei comigo mesma, quais tintas já são usadas em humanos?” diz Zavaleta.
Logo veio a resposta: tatuagens. Pigmentos de alta qualidade usados em tatuagens são feitos de sais minerais e quelatos de metal, e foram isolados de fontes naturais. Então, ela percebeu que a tinta das tatuagens poderia ter utilidade como agente contrastante.
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Depois disso, Zavaleta mergulhou em sua pesquisa. Ela entrou em contato com o tatuador Adam Sky, cujo trabalho ela admirava, quem se interessou pela pesquisa e deu, enfim, a ela algumas amostras das tintas que ele usava.
Assim, ela mediu duas propriedades ópticas das tintas, a fluorescência e as propriedades de espectroscopia Raman.
A fluorescência está relacionada à capacidade de um corante ou pigmento de absorver e emitir luz. Já a Raman, por outro lado, permite observar vários processos que acontecem dentro do corpo humano ao mesmo tempo, indicando como a luz se espalha. Geralmente, usa-se ambas em técnicas de imagem para detectar formas diferentes de câncer. Isso pode ajudar a mostrar se as células e os tecidos revelam múltiplos genes, anomalias, ou se estão associados a algum tipo de câncer, como câncer de mama ou câncer de pulmão, por exemplo.
O estudo está disponível na Royal Society of Chemistry.