Dinossauros também ficavam gripados, sugere achado fóssil

Damares Alves
Woodruff, et al.

Uma nova pesquisa encontrou evidências de infecção respiratória nos restos fossilizados de um dinossauro de 150 milhões de anos, nomeado pelos pesquisadores carinhosamente de Dolly, um saurópode.

A pesquisa, publicada na revista Scientific Reports, relata que Dolly tinha um pescoço longo, que é onde os pesquisadores notaram algo interessante.

Trabalhando no Museu dos Dinossauros das Grandes Planícies, em Malta, eles notaram protuberâncias ósseas nunca antes relatadas. Curiosamente, as protuberâncias incomuns estavam onde sacos aéreos ligados ao sistema respiratório mais amplo da Dolly teriam entrado no osso.

Aqui é pertinente fazer uma rápida recapitulação da pneumaticidade cervical do saurópode, um passo evolutivo que se pensa ter sido um importante pré-requisito para a ampliação do pescoço em dinossauros como Dolly. Sacos cheios de ar entrando nas vértebras de forma semelhante à configuração vista nos ossos pneumáticos das aves modernas o que facilita o vôo pois torna seus ossos mais leves.

A respiração eficaz em seus ossos provavelmente tornou mais fácil segurar seu longo pescoço, mas pode ter vindo com algumas desvantagens.

Dinossauro gripado
Woodruff, et al., e Francisco Bruñén Alfaro.

As estranhas protuberâncias ósseas nas vértebras cervicais de Dolly teriam se conectado aos pulmões e as imagens de TC revelaram que elas eram constituídas por uma estrutura anormal que provavelmente se formou em resposta a uma infecção respiratória. Exatamente o que era essa infecção não está claro, mas os pesquisadores colocaram uma infecção fúngica semelhante à aspergilose — algo que ainda hoje afeta aves e répteis — como um possível culpado.

“Dados os sintomas prováveis de que este animal sofreu, segurando estes ossos infectados em suas mãos, você não pode deixar de sentir pena da Dolly”, disse o autor principal Cary Woodruff em uma declaração. “Todos nós experimentamos estes mesmos sintomas — tosse, dificuldade para respirar, febre, etc. — e aqui está um dinossauro de 150 milhões de anos que provavelmente se sentiu tão miserável quanto todos nós quando estávamos doentes.”

Isto marca a primeira evidência relatada de tal infecção respiratória em um dinossauro.

“Esta infecção fóssil em Dolly não só nos ajuda a traçar a história evolutiva das doenças relacionadas à respiração no tempo”, continuou Woodruff, “como também nos dá uma melhor compreensão dos tipos de doenças às quais os dinossauros eram suscetíveis”.

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