Qual a contribuição do derretimento do solo Ártico nas mudanças climáticas?

Jamille Rabelo
Imagem: Wallpoper

Os permafrosts são solos com rochas, sedimentos e detritos congelados há anos consecutivos. O aquecimento global está causando o derretimento desse tipo de solo no Ártico.

Os permafrosts cobrem ¼ de todo o Hemisfério Norte e estocam cerca de 1,5 trilhões de toneladas de carbono. Isso significa duas vezes mais carbono do que a atmosfera tem atualmente!

Todo esse carbono está guardado por centenas de milhões de anos nos solos congelados. Caso a Terra continue aquecendo, cada vez mais o solo Ártico irá derreter e liberar os gases e outras substâncias que estavam presos.

Quanto, quando e como serão liberados os gases no do derretimento do solo Ártico?

O último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) relata que ainda é incerto quando e o quanto de fato de gases tóxicos serão liberados para atmosfera com o derretimento dos permafrosts.

Esta incerteza atrapalha nas projeções climáticas dos próximos anos, onde o derretimento do solo Ártico não é levado em consideração.

Apesar disso, cientistas estão trabalhando para melhor entender a contribuição do permafrost nas mudanças climáticas.

O derretimento do solo Ártico altera o ciclo do carbono na Terra através do aparecimento de microrganismos que vivem no solo. Esses microrganismos que também estavam congelados, ficam ativos e consomem matéria orgânica, liberando carbono na atmosfera.

Dessa forma, o metabolismo dos microrganismos acelera com maiores temperaturas, causando um maior consumo de matéria orgânica.

Assim, o aquecimento global inicia um ciclo: Causando mais liberação de gás carbônico na atmosfera, aumentando ainda mais a temperatura, o que piora ainda mais a liberação de gases na atmosfera.

Expandindo os estudos de permafrost

Os estudos que monitoram o derretimento do solo Ártico acontecem em poucos locais. Assim, há pouca representação do que está acontecendo em toda a região.

As condições remotas e de frio do Ártico dificultam as pesquisas no local. Uma alternativa é monitorar o permafrost a partir de satélites, assim como o crescimento da cobertura vegetal na região.

Outra alternativa de estudo é analisar o que aconteceu no passado. Amostras de antigos permafrosts e estalagmites mostram períodos em que o solo no Ártico derreteu. Esses registros mostraram bolhas de ar que não chegaram na atmosfera, e assim, não aumentou a quantidade de gases no planeta.

Dessa forma, há teorias se os oceanos absorveram os gases ou se eles ficaram presos nos solos.

Enquanto não chegam em uma conclusão exata, os cientistas concordam que a necessidade de agir com as informações atuais é urgente. A crise climática está próxima e não há tempo para soluções perfeitas.

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