Possível impressão digital de Michelangelo é encontrada na ponta de uma estátua de cera

Rafael D'avila

Curadores de um museu inglês descobriram algo grandioso: a possível impressão digital de Michelângelo, famoso artista renascentista, em uma escultura de cera de 500 anos. A obra foi criada, supostamente, para servir de escudo para uma escultura maior, que ele planejou à Basílica de São Pedro, no Vaticano.

Contudo, ela nunca foi concluída e pertence ao ‘Victoria and Albert Museum’ (V&A), em Londres, onde recebeu o nome de ‘A Slave’. Os curadores do museu, durante a primavera quente de 2020, moveram a escultura com a possível impressão digital de Michelângelo para um ambiente mais frio, quando o local foi fechado por conta da pandemia.

Cinco meses depois da mudança, a surpresa apareceu: os profissionais do museu notaram no ‘traseiro da escultura’ uma impressão digital nunca vista anteriormente. Tudo indica que os níveis de umidade e alterações nas temperaturas modificaram a composição da cera, deixando a possível impressão digital de Michelângelo aparente.

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Michelângelo (Imagem: Divulgação/ Cenci Turismo)

“É uma perspectiva empolgante que uma das impressões de Michelangelo possa ter sobrevivido na cera”, disse Peta Motture, curadora sênior da V&A, em comunicado. “Essas marcas sugeririam a presença física do processo criativo de um artista, ou seja, é onde a mente e a mão de alguma forma se unem”.

É possível descobrir se a ‘impressão digital de Michelângelo’ é realmente dele?

Antes de morrer, o artista destruir diversos de seus modelos de cera. Na verdade, em Roma, no ano de 1564, Michelângelo (que faleceu aos 88 anos) teve seus desenhos e papéis queimados em uma fogueira. O jornal New York Times divulgou essa notícia afirmando, ainda, que não se sabe o porquê dele ter mandado queimar suas obras, mas há suspeitas. Giorgio Vasari opinou que, assim, Michelângelo não queria que as pessoas vissem o esforço que ele colocou nas artes, ou simplesmente para evitar plágios.

possível impressão digital de Michelângelo
Uma visão ampliada do dedo ou impressão digital no hiney da estatueta. (Imagem: Victoria and Albert Museum / BBC Two)

Como grande parte das obras foi destruída, “uma impressão digital de Michelângelo seria uma conexão direta com o artista”, disse. O Museu de Arte Ornamental de Marlborough House, que mais tarde se tornou V&A, adquiriu ‘A Slave’ em 1854 e, como resultado, centenas de anos depois foi palco dessa grande descoberta.

Para averiguar se a marca na escultura é realmente a impressão digital de Michelângelo, os curadores irão compará-la com uma impressão digital em uma estátua de terracota, de 1530, conhecida como ‘Dois Lutatores’. Essa outra obra, entretanto, é famosa por ter a impressão digital do artista.

A divulgação foi feita por meio do documentário ‘Secrets Of The Museum’, da BBC, que estreou em 20 de julho e ficará no ar por seis semanas.

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