Lagos de derretimento foram descobertos sob o gelo da Antártica por meio de uma análise de dados do satélite ICESat, que explora esse ambiente congelante. Aquelas paisagens brancas e visivelmente geladas das partes extremas do planeta chamam atenção, entretanto, são nelas que muitas revelações surpreendentes aparecem.
Antes de pesquisadores terem acesso às informações, acreditava-se que os lagos escondidos no manto de gelo eram isolados e separados uns dos outros. Em 2007, finalmente descobriram flutuações na altura do gelo da superfície da Antártica, que apontavam para a existência de uma rede oculta de lagos de derretimento subglaciais.
Onze anos mais tarde, pesquisadores lançaram a missão ‘ICESat-2’, para encontrar mais informações sobre essa rede de lagos que habitam as profundezas do gelo. Além disso, outros dois lagos de derretimento foram revelados.
“A descoberta desses sistemas interconectados de lagos de derretimento na interface do leito de gelo que movimentam a água, com todos esses impactos na glaciologia, microbiologia e oceanografia, foi uma grande surpresa para a missão ICESat”, disse o glaciologista Matthew Siegfried do Escola de Minas do Colorado.
Novas descobertas sobre lagos de derretimento
“ICESat-2 é como colocar seus óculos após usar o ICESat, os dados são tão precisos que podemos mapear os limites do lago na superfície”, concluiu. Siegfried e outros pesquisadores, combinaram conjuntos de dados de 2003 a 2020 para monitorar lagos de derretimento ativos em escalas menores de tempo.
“A deformação da superfície devido ao enchimento e drenagem de lagos subglaciais ativos, fornece uma das poucas janelas acessíveis para a evolução dos sistemas de água basal. Esses sistemas estão escondidos sob até 4 quilômetros de gelo e, como resultado, permanecem um dos principais sistemas físicos de incertezas sobre as projeções da dinâmica futura da camada de gelo“, escreveram os pesquisadores em um artigo.
“Além da visão mais detalhada sobre os lagos de derretimento na Antártica, a análise, consequentemente, encontrou anomalias que parecem ser lagos ocultos, anteriormente não detectados”. Para complementar tal informação, a segunda parte do artigo afirma que lagos potencialmente ativos se perderam na missão ICESat original.
Outra pesquisadora, Helen Fricker, detalhou um evento dramático de drenagem em um lago de derretimento: a superfície da plataforma de gelo flutuante desapareceu no espaço. “Esses são processos que estão acontecendo sob a Antártica e sobre os quais não teríamos a menor ideia se não tivéssemos dados de satélite”, afirmou.
E aí, você imaginava que um ambiente tão gelado e remoto poderia esconder tantos mistérios assim?