Enxames de centopeias paralisam linhas de trem no Japão – veja o motivo

Mateus Marchetto
A cada oito anos, enxames de centopeias invadem linhas de trem em montanhas do Japão. Veja o principal motivo.(Imagem de Josch13 por Pixabay)

Imagine que você está fazendo uma viagem de trem pelas montanhas do Japão. No meio do caminho, o trem precisa parar devido a um obstáculo incomum. Em cima dos trilhos, milhares de centopeias se agrupam e cobrem toda a superfície do chão. Ainda mais bizarro é que esse exato evento se repete a cada 8 anos em pelo menos 7 regiões montanhosas do país. O motivo permaneceu obscuro por muito tempo, mas agora pesquisadores finalmente entendem porque essa reunião com milhões de pernas acontece.

Enxames de centopéias
;Keiko Niijima

O artigo, publicado no periódico The Royal Society, mostra que as centopeias em questão na verdade são organismos periódicos. Ou seja, a população aumenta muito em um certo período de tempo, para logo em seguida desparecer e dar origem à nova geração. Nesse sentido, os pesquisadores puderam observar com sucesso o ciclo de vida das centopeias. Esse último, veja só, dura exatos 8 anos – o tempo entre cada bloqueio das linhas férreas por esses artrópodes. Quando o enxame se forma, as centopeias se reproduzem e morrem pouco depois. Cada fêmea pode pôr de 400 a 1000 ovos que darão início a uma nova geração que levará mais 8 anos até atingir a idade adulta.

Centopeias e outros animais periódicos

Por meio dessa descoberta, as centopeias passaram a ser o segundo tipo de artrópode a ter essa característica periódica durante uma vida longa. Os primeiros artrópodes conhecidos por isso são um tanto difíceis de não notar: as cigarras. Esses insetos, por sua vez, podem ter ciclos de vida que variam entre 13 e 17 anos, causando explosões na população de tempos em tempos.

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(Imagem de Bernhard Stärck por Pixabay)

Ademais, os cientistas puderam observar que o ciclo de vida das centopeias também está mudando. O responsável? Para variar, a mudança climática. A desordem do ecossistema, portanto, acaba diminuindo o número de animais que chegam à fase adulta e até mesmo alterar o tempo de vida dos animais.

O artigo está disponível no periódico The Royal Society.

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