Pesquisadores encontram 119 sacrifícios astecas em torre de crânios

Felipe Miranda
Imagem: INAH

Encontrados 119 sacrifícios astecas em torre de crânios. Os pesquisadores encontraram a torre em 2015. As civilizações da Mesoamérica pré-Colombiana chamavam esse tipo de torre de Tzompantli e as utilizavam para expor crânios humanos publicamente. Os crânios provinham de prisioneiros de guerra e outros tipos de pessoas sacrificadas. 

Na mesma torre, os pesquisadores encontraram anteriormente 484 crânios em 2017. Ela localiza-se no Templo Mayor, em Tenochtitlan, que fora capital Asteca antes dos europeus exterminarem a população com guerras e doenças. Mas agora, eles encontraram uma nova fachada da mesma torre, em seu lado leste. Lá, contaram 119 crânios. Havia crânios de todos os tipos; homens, mulheres e crianças. 

Segundo comunicado da Secretaria de Cultura do México, o novo lado da plataforma de crânios remonta a tlatoani Ahuízotl, que governou Tenochtitlan entre os anos de 1486 e 1502, já no final da existência da civilização Asteca. 

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Imagem: INAH

Hoje consideramos algo completamente bizarro. Certamente seria algo condenável para os parâmetros morais atuais, e para os tão sagrados direitos humanos. Mas os sacrifícios para fins religiosos tornaram-se uma prática comum para as civilizações pré-Colombianas da América Central. Eles acreditavam que os sacrifícios agradavam os deuses. 

Conforme o Ancient Origins, quando os espanhóis chegaram às Américas, no entanto, a prática já entrava em declínio. As práticas religiosas de sacrifícios geraram revoltas e desconfiança por parte da população em relação aos sacerdotes. 

A surpresa dos 119 sacrifícios astecas em torre de crânios

“A cada passo, o Templo Mayor continua nos surpreendendo; e o Huei Tzompantli é, sem dúvida, um dos achados arqueológicos mais impressionantes dos últimos anos em nosso país, pois é um importante testemunho da força e da grandeza que alcançou México-Tenochtitlán”, diz em um comunicado a Secretária de Cultura do Governo do México, Alejandra Frausto Guerrero.

Eles encontraram os crânios em março de 2020. Na época, eles rebaixavam o nível do solo do sítio arqueológico para reforçar uma parede. Durante as obras, no entanto, eles localizaram fragmentos de crânios a 3,5 metros abaixo do nível da superfície. Ao investigar um pouco mais, encontraram toda a mais de uma centena de restos mortais provenientes dos sacrifícios. 

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Imagem: INAH

A Secretaria da Cultura do México relata que, através dos sacrifícios ritualísticos, os povos mesoamericanos esperavam manter os deuses em paz e vivos. Dessa forma, eles garantiam a continuidade da existência do universo. “Esta visão, incompreensível para o nosso sistema de crenças, torna o Huei Tzompantli um edifício de vida em vez de morte”, diz o comunicado da Secretaria. 

Eles destacam, também, os sacrifícios de prisioneiros de guerra para a demonstração de poder e pagamentos de dívidas. 

Cultura sanguinária?

“Embora não possamos determinar quantos desses indivíduos eram guerreiros, talvez alguns fossem cativos destinados a cerimônias de sacrifício”, diz o arqueólogo Barrera Rodríguez. “Sabemos que foram todos consagrados, ou seja, foram transformados em presentes para os deuses ou mesmo personificações das próprias divindades, para os quais foram vestidos e tratados como tal”. 

Mas nesse caso específico, é algo bastante esquisito. Conforme já dissemos, eles costumavam sacrificar prisioneiros de guerra. Mas por que os arqueólogos encontraram crânios de mulheres e crianças entre os 119 sacrifícios astecas na torre de crânios?

Por um lado, os pesquisadores encontraram modificações nos crânios. Isso indica que, como prática cultural, eles criavam ao menos mulheres e crianças para os sacrifícios, como algo cultural. Lorena Vázquez Vallín diz que “cada um desses crânios forma um elemento arquitetônico que faz parte do edifício e de seu discurso simbólico”. 

Por outro lado, no entanto, alguns sugerem alguma relação com os “demônios do leste”, vulgo europeus que desembarcavam por ali. Os europeus chegaram trazendo ainda mais intriga, além das doenças mortais. Os nativos americanos não se expuseram anteriormente às doenças europeias, que tornaram-se fatais para eles. Então, não seria completamente estranho radicalizar as práticas religiosas para agradar os deuses e amedrontar os espanhóis.   

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