Uma tribo cada vez menor dos macacos de Guiné ganhou fama global por causa das incríveis habilidades para utilizar ferramentas. Agora, eles têm esperança de perpetuação depois que sua fêmea fértil deu à luz.
Essa é uma minúscula comunidade de macacos de uma floresta ao redor da vila de Bossou, no extremo sudeste do país. Porém, cientistas têm viajado por décadas até esse local para estudar o notável uso de ferramentas pelos chimpanzés.
As ferramentas incluem o uso de um martelo de pedra e uma bigorna para quebrar nozes – o ato mais sofisticado já observado pelo parente geneticamente mais próximo da humanidade.
Última esperança para a tribo
O número de macacos de Guiné, mais especificamente em Bossou, caiu para estatísticas únicas. Por isso, a tribo está morrendo e não pode ser continuada pelas comunidades vizinhas de chimpanzés porque a destruição da floresta a deixou isolada.
Mas, depois de anos de declínio, houve boas notícias. Disse Aly Gaspard Soumah, diretora do Bossou Environmental Research Institute. Isso porque na semana passada, os guias avistaram a última fêmea fértil do grupo, Fanle, segurando um bebê apoiado à barriga.
Segundo Soumah, não existe dúvidas sobre isso. Eles confirmaram o sexo do bebê usando binóculos, já que a mãe e o filhote estavam nas árvores. E é uma mulher.
Com isso, os aldeões explodiram de alegria, pois os macacos de Guiné, localizados em Bossou, nutrem uma relação singular com a população da aldeia.
Macacos de Guiné ficam isolados
Esses animais vivem na selva, entretanto compartilham o território e seus recursos com os habitantes locais. Por sua vez, eles protegem os chimpanzés e ainda acreditam que sejam a reencarnação de seus ancestrais.
Por isso, os moradores ficaram exultantes quando souberam do nascimento, disse Soumah. Todos, jovens e velhos, homens e mulheres, explodiram de alegria e a atmosfera era incrível, relatou.
Bossou faz parte da Reserva Natural do Monte Nimba, local listado pela UNESCO e localizado na fronteira com a Costa do Marfim e a Libéria, que se eleva acima da savana em volta.
Logo, os famosos macacos de Guiné vivem em uma floresta de 320 hectares. Mas eles ficam isolados de outros chimpanzés que vivem nas encostas do Monte Nimba, por causa do desmatamento. Assim, os habitantes locais praticam uma forma tradicional de agricultura de corte e queima, deixando a cobertura florestal fragmentada.
Portanto, é um isolamento geográfico e genético, explicou Soumah. Até 2003, o número de chimpanzés Bossou era relativamente estável, com cerca de 21 indivíduos.
LEIA TAMBÉM: Macacos em zoológico preferem ruído do tráfego a sons naturais
Mas sete macacos morreram de gripe em 2003 mesmo e outros faleceram nos anos seguintes. Restaram apenas três machos adultos e quatro fêmeas antes do último nascimento. Só que destes, três têm mais de 60 anos, enquanto o mais novos é um macho de 8 anos. Fanle, com cerca de 30 anos, é a última fêmea fértil.
Acredita-se que o pai do bebê seja Fouaf, o macho dominante do grupo, ou outro chimpanzé chamado Jeje. Ambos estão na casa dos quarenta anos.
Concluindo, Soumah disse que as fêmeas com idades entre 8 e 12 anos deixaram Bossou para ficar com outros grupos, cruzando a savana aberta. Porém, os chimpanzés geralmente relutam a seguir aventuras ao ar livre.