À medida que os depósitos minerais na terra estão acabando, mais discussões e estudos sobre a possibilidade de mineração no mar profundo estão surgindo.
Existem grandes campos de depósitos de metais, como cobre, níquel e cobalto, em algumas partes profundas dos oceanos. Esses metais são importantes para a indústria de produtos tecnológicos, por exemplo.
Esses depósitos são normalmente chamados de crostas ou nódulos polimetálicos, devido à sua forma protuberante no fundo marinho.
Apesar de sua importância, os nódulos polimetálicos ainda são pouco estudados quanto ao seu papel no ecossistema profundo, principalmente para os microrganismos que habitam e são a base da cadeia alimentar nesses ambientes.
Microrganismos do mar profundo podem levar 50 anos para se recuperar de mineração
Um experimento simulando uma mineração em um campo de nódulos polimetálicos foi realizado em 1989, no Sul do Oceano Pacífico. Em 2015, aconteceu uma nova análise na região do experimento, focada nos microrganismos. A população desses micróbios afetados há 26 anos ainda não se recuperou, diz novo estudo publicado na Science Advances.
Segundo os pesquisadores, a população de micróbios reduziu 30% e a sua atividade reduziu em 25%, quando comparado com as áreas não afetadas da mineração em 1989. As atividades microbianas incluem a reciclagem de compostos e nutrientes, disponibilizando-os para o ambiente e animais maiores presentes. Sustentando, assim, grande parte do ecossistema do mar profundo.
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O estudo concluiu que a população original de microrganismos presentes nos nódulos polimetálicos pode levar até 50 anos para se recuperar totalmente da exploração por minérios. A taxa de acumulação de sedimento no mar profundo é muito lenta, o que contribui para a lenta recuperação.
Por ser uma região ainda pouco estudada, ainda não há padrões e regulamentos para a futura mineração em mar profundo. Os impactos causados por essa exploração podem ter efeitos preocupantes na diversidade biológica desse ambiente ainda pouco conhecido. Além de causar perda no equilíbrio do ecossistema, essa atividade também pode impedir novas descobertas importantes sobre o oceano profundo.