Há um grande buraco na camada de ozônio. Em 2019, ele atingiu um dos menores patamares de tamanho desde que iniciou, em 1982. No entanto, como se não bastasse o apocalipse acontecendo durante todo o ano, o buraco na camada de ozônio está ainda maior. O buraco expõe, agora, praticamente toda a Antártica, além do extremo sul da América do Sul.
Quem faz as novas medições é o Sentinel-5P, um satélite da Agência Espacial Europeia (ESA). O satélite faz parte do Programa Copernicus, que faz análises ambientais do planeta Terra. A ideia do programa é cobrir todo o planeta, coletando dados de forma autônoma e em alta resolução, a fim de combater as mudanças climáticas.
O tamanho do buraco não é fixo. Ele varia constantemente, de acordo com as dinâmicas climáticas do planeta. A partir de agosto ele passa a aumentar, atingindo seu pico em meados de setembro e outubro. Com o fim do inverno no hemisfério Sul e o aquecimento na estratosfera, o buraco passa a se fechar – mas não fecha completamente.
Em seu tamanho máximo, o buraco atingiu 25 milhões de km quadrados, conforme a ESA. Dois anos semelhantes foram 2018 e 2015, onde os buracos atingiram, respectivamente, 22,9 e 25,6 milhões de quilômetros quadrados. 2019 o buraco fechou-se mais cedo e foi o menor buraco dos últimos 30 anos. Embora existam comparações em anos próximos, isso ainda é péssimo, já que o buraco está consideravelmente acima da média.
Formação e crescimento do buraco
A variação é bastante influenciada (ou determinada, em um termo mais preciso), pelas dinâmicas dos fortes ventos que fluem ao redor da Antártica. Esses ventos, especificamente, surgem com a rotação da Terra, além da convecção pelas diferenças de temperaturas entre as diferentes latitudes.
“Nossas observações mostram que o buraco de ozônio em 2020 cresceu rapidamente desde meados de agosto e cobre a maior parte do continente Antártico – com seu tamanho bem acima da média”, diz em um comunicado Diego Loyola, do Centro Aeroespacial Alemão. “O que também é interessante ver é que o buraco na camada de ozônio em 2020 também é um dos mais profundos e mostra valores de ozônio recorde.”
Quando os ventos citado estão muito fortes, então, eles formam uma barreira que impede a troca de ar entre as latitudes mais altas (mais frias), das latitudes moderadas (de temperatura mais amena). Dessa forma, a estratosfera acima da Antártica esfria muito. Ao atingir –78 ° C, em combinação com a radiação solar, as reações destroem as moléculas de ozônio.
Vai melhorar?
Principalmente durante as décadas de 1970 e 1980, o mundo utilizou muito CFC. Tudo que envolvia a necessidade de um gás inerte utilizava o CFC, com destaque para os desodorantes aerossóis e as geladeiras.
Embora parte dos efeitos de destruição na camada de ozônio sejam naturais, o CFC ajudou a amplificá-los, e a quebra das moléculas de ozônio é muito maior do que deveria pela simples dinâmica dos ventos e radiação solar. Em Protocolo de Montreal cria-se o Protocolo de Montreal, que visa proteger a camada de ozônio.
O ozônio bloqueia os raios ultravioleta – aqueles mesmos que utilizamos protetores solares para a pele e óculos de sol durante exposições prolongadas. Raios UV em excesso podem causar câncer e problemas de vista, por se tratarem de ondas ionizantes. Mas tudo indica que a recuperação da camada de ozônio levará muito mais tempo do que o imaginado.
“Com base no Protocolo de Montreal e na diminuição das substâncias antropogênicas que destroem a camada de ozônio, os cientistas atualmente prevêem que a camada global de ozônio atingirá seu estado normal novamente por volta de 2050”, diz Claus Zehner, gerente de missão da ESA para o Copernicus Sentinel-5P.
Com informações de Science Alert e Agência Espacial Europeia (ESA).