O grosbeak tem uma mancha no peito rosa e penas pretas apenas em sua asa direita — tons reveladores de machos. Já no lado esquerdo, o passeriforme apresenta plumagem amarela e marrom, cores características das fêmeas.
Sim. É exatamente o que você leu no título: esta ave é macho de um lado e fêmea do outro.
Quem achou este exemplar raro de ave foi a pesquisadora Annie Lindsay e seus colegas da Reserva Natural Powdermill.
Ao avistá-lo, ela soube imediatamente o que tinha encontrado: uma criatura metade macho, metade fêmea conhecida como ginandromorfo.
Ginandromorfismo
Esses pássaros são realmente raros. A pesquisadora viu apenas outro pássaro semelhante, mas menos impressionante. E isso foi há 15 anos.
Muitas espécies de pássaros apresentam o ginandromorfismo. Além de insetos e crustáceos, como caranguejos e lagostas.
Provavelmente, esta ave é o resultado de um evento incomum, quando dois espermatozóides fertilizam um óvulo com dois núcleos em vez de um. Então, o ovo pode desenvolver cromossomos sexuais masculinos de um lado e cromossomos sexuais femininos de outro.
O pássaro tem um testículo e outras características masculinas em uma metade do corpo e um ovário e outras qualidades femininas na outra metade.
Porém, não confunda com hermafroditas, que também possuem órgãos genitais de ambos os sexos. Os ginandromorfos são completamente masculinos de um lado do corpo e femininos de outro.
Dúvidas sobre a reprodução
Os cientistas ainda não sabem se a ave se comporta mais como macho ou fêmea ou se pode se reproduzir.
Entretanto, o biólogo da UCLA, Arthur Arnold, estudou um tentilhão-zebra ginandromorfo que usava uma canção e um comportamento masculino para atrair as fêmeas.
Um sexo é mais dominante do que o outro em ginandromorfos? É preciso mais estudos para definir o comportamento relacionado ao sexo, segundo ele.
Essa pesquisa é difícil, porque criaturas assim são muito raras. Em 64 anos de anilhamento de aves, o Avian Research Center de Powdermill protocolou menos de 10 aves com essas características.
Lindsay e seus colegas, maravilhados com a descoberta, levaram o tordo-rosa para o laboratório e mediram a sua envergadura. Também arrancaram quatro penas para pegar o seu DNA e estudá-lo, no futuro. Além da captura rápida, eles aproveitaram para marcar o pássaro.
Após tirar fotos e gravar vídeos para o TikTok com ele, a equipe soltou a ave de volta para a natureza. Eles descreveram a experiência como ver um unicórnio de tão notável.