O plástico é péssimo para a natureza – especialmente para a vida marinha, por isso a importância de reciclá-lo. No entanto, o processo de reciclagem não é tão simples assim. Mas uma super enzima que consome o plástico seis vezes mais rápido pode ajudar.
Não só o plástico em tamanhos grandes são um problema, mas também os microplásticos. Trata-se de pedaços microscópicos de plásticos que acabam sendo consumidos por peixes e outros seres marinhos.
É claro que isso não afeta apenas a vida marinha. Em algum momento, animais terrestres, incluindo os seres humanos, se alimentarão desse animais marinhos, além da nossa água já completamente contaminada pelos microplásticos.
Ao mesmo tempo que o plástico é um bênção, por possibilitar a fabricação de muitos objetos e ferramentas extremamente úteis, é uma maldição de mal descartado. Uma das melhores formas de lidar com o plástico é reciclando-o.
Um dos meios para reciclá-lo, é por meio das enzimas. Uma enzima é uma substância orgânica que catalisa determinado tipo de reação. Por ser orgânica, é natural que ela surja a partir de outros processos orgânicos, portanto.
Nesse caso específico, então, a super enzima é derivada de bactérias que aprenderam como consumir o plástico. Embora a decomposição do plástico seja um tanto demorada (alguns séculos), ela é sim possível de forma natural.
Aproveitando essas bactérias, portanto, é possível reciclar o plástico. Além disso, os cientistas acreditam que ao combinar com bactérias especializadas na decomposição do algodão, é possível reciclar roupas de tecidos mistos, como aquelas misturas de algodão com poliéster.
A tal super enzima
Em 2016, em um estudo publicado na revista Science, um grupo de cientistas japoneses encontrou, em um lixão, uma bactéria especialmente boa em “comer” o plástico.
Em 2018, inspirados nessa bactéria, eles foram capazes de criar uma enzima muito rápida em quebrar o plástico. No entanto, agora outros cientistas conseguiram criar uma enzima seis vezes mais rápida. A enzima foi feita a partir de duas enzimas de duas bactérias diferentes.
As enzimas são a PETase e MHETase. Uma simples mistura delas consegue quebrar o PET duas vezes mais rápido. No entanto, eles fizeram uma ligação genética, aumentando a velocidade em 6 vezes.
“Quando ligamos as enzimas, de forma bastante inesperada, obtivemos um aumento dramático na atividade”, disse ao The Guardian John McGeehan, da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido.
“Essa é uma trajetória para tentar fazer enzimas mais rápidas e mais relevantes industrialmente. Mas também é uma daquelas histórias sobre aprender com a natureza e depois levá-la para o laboratório”, explica.
Uso comercial
No entanto, McGeehan disse à CNN que embora a surpresa com o sucesso, ainda é um protótipo. Ele explicou que com essa velocidade ainda não é possível ser comercialmente viável para uma da super enzima que consome plástico.
Mas já estão um passo à frente de outras enzimas. Uma enzima de uma empresa francesa consome 90% de uma garrafa plástica em 10 horas. No entanto, há uma necessidade de manter a temperatura acima de 70°C, o que requer um considerável gasto energético – e a ideia é ajudar a natureza.
A vantagem do trabalho da equipe de John McGeehan é que a enzima funciona muito bem em temperatura ambiente.
“Se pudermos fazer enzimas melhores e mais rápidas, ligando-as e fornecendo-as a empresas como a Carbios, e trabalharmos em parceria, nós poderia começar a fazer isso dentro de um ou dois anos”, diz McGeehan ao The Guardian.
O estudo foi publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences. Com informações de CNN e The Guardian.