Buracos de minhoca poderiam ser identificados pelas ondas gravitacionais

Felipe Miranda
(Créditos da imagem: NASA)

Buracos de minhoca são “coisas” bastante bizarras previstas pela ciência – uma espécie de portal no espaço. Embora não tenhamos observado nenhum até hoje, possivelmente existem, e as ondas gravitacionais podem ajudar a identificá-los.

Imagine um buraco negro. Ele é um ponto de onde nada escapa. Um buraco de minhoca seria algo semelhante – uma singularidade, com a diferença de que há uma saída, em outro ponto do universo.

Não nos desanimamos nesta busca porque na Relatividade Geral, uma das mais sólidas teorias da física moderna, a existência dos buracos de minhoca é algo consistente e plausível.

O conceito já havia sido proposto na década de 1920 por Hermann Weyl, mas o termo, buraco de minhoca, ou originalmente wormhole, no inglês, foi proposto nos anos 1950 por John Wheeler.

A existência de um buraco de minhoca poderia nos possibilitar viajar para mundos distantes (ou até mesmo para outro universo) de forma rápida, já que ele seria um atalho pelo universo, como bem mostra o filme Interestelar. 

Ondas gravitacionais nos possibilitam grandes coisas

Pesquise por ondas gravitacionais e você verá a quantidade de avanços, no conhecimento de buracos negros e estrelas, além de outras áreas, que elas nos proporcionaram nos últimos anos. Você pode ver isso neste link. A primeira detecção desse tipo de onda ocorreu em 2015, e desde então é praxe.

Um grupo de caçadores de buracos negros, que encontrou o centro do sistema solar com uma precisão de cem metros, diz que as ondas gravitacionais podem ser uma das principais forma de se explorar o universo nos próximos anos.

Vítor Cardoso, do Instituto Superior Técnico, em Lisboa, Portugal, disse ao Science News que “Precisamos procurar sinais estranhos, mas emocionantes”. O ponto dele é que detectar ondas gravitacionais já é algo comum, então eles precisam focar apenas nos sinais diferentes.

Agora, quatro pesquisador publicaram no arXiv, em preprint, um artigo onde eles dizem que uma interação entre um buraco negro em espiral e um buraco de minhoca geraria padrões diferentes de ondulações no espaço.

Esses padrões poderiam ser identificados pelo LIGO e pelo Virgo, conforme os pesquisadores. Ambos são interferômetros a laser para identificar ondas gravitacionais. O LIGO é construído nos Estados Unidos e o Virgo na Itália.

O modelo do buraco de minhoca

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores pensaram em um buraco negro não muito grande – cerca de 5 vezes a massa do Sol, orbitando um buraco de minhoca localizado a uma distância de 1,6 bilhão de anos-luz de nós.

O buraco negro iria iniciar uma trajetória espiral, inicialmente parecida com a espiral entre dois buracos negros, mas posteriormente, as frequências emitidas seriam maiores do que o esperado para buracos negros

06 15 ligo gravitational waves second discovery 02
Essas são as espirais que fazem dois buracos negros antes da colisão. (Créditos da imagem: LIGO / T. Pyle)

No cenário proposto, os pesquisadores consideraram dois universos (Universo 1 e Universo 2), que seriam ligados pelo buraco de minhoca. Quando o buraco negro se aproximasse da “garganta” do buraco de minhoca, ele seria engolido.

Então, ele iria para esse Universo 2, e teríamos uma pausa repentina nas ondas. Onde ele emergisse, iria emitir várias ondas espirais. E ele continuaria saltando entre os dois universos, sempre emitindo essas ondas.

Esse processo só terminaria quando o buraco negro perdesse toda a sua energia ao emitir as ondas gravitacionais para os dois mundos, e ele iria permanecer ali na “garganta” do buraco de minhoca.

O estudo foi publicado no arXiv como preprint, e até o momento não foi revisado por pares.

Com informações de Science News.

Compartilhar