Não, a NASA não detectou um universo alternativo onde tempo anda para trás

Erik Behenck
Neutrinos não indicam a existência de um universo paralelo e invertido. (Foto: agsandrew/iStock)

Na última semana surgiu um burburinho indicando que a NASA havia descoberto um universo alternativo. Mas, se ouviu ou leu algo sobre essa informação, saiba que ela não é verdadeira. Talvez a “notícia” tenha aparecido devido a pressa em transformarem um notícia científica em conteúdo para a internet.

Veja como tudo começou

A história do universo alternativo descoberto pela NASA começou de forma inocente. No dia 8 de abril a revista New Scientist publicou um artigo, falando sobre resultados anormais em experimentos na Antártida, onde foram localizados neutrinos e que isso poderia significar uma especulação quanto ao modelo cosmológico que conhecemos.

Na sequência, diversos sites reescreveram as informações, com outro teor. “Parece que, para essa história da ciência dos tabloides, alguma física teórica especulativa que poderia ter raízes distantes na plausibilidade foi amplificada por razões sensacionais”, comentou o físico experimental de partículas, Peter Gorham, em entrevista ao ScienceAlert.

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O experimento consiste em lançar balões de hélio em elevadas altitudes, com uma variedade de antenas de rádio. Além disso, o projeto está sendo parcialmente financiado pela NASA e detectou o surgimento de neutrinos, altamente energéticos. Para quem não sabe, eles são um tipo de partícula semelhante aos elétrons, possuindo uma massa quase inexistente e falta de carga.

Universo alternativo
Balão meteorológico no espaço. (Imagem: G1)

O que são os neutrinos

Os neutrinos são partículas subatômicas que não possuem carga elétrica e que interagem com outras partículas apenas por meio da gravidade e da força nuclear fraca. Essas partículas são muito conhecidas por suas características extremas: elas são extremamente leves, existem com enorme abundância e interagem com a matéria de forma extremamente débil.

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Os neutrinos quase não podem ser percebidos em condições normais, praticamente não entram em contato com outras partículas. Entretanto, quando são produzidos por objetos explosivos no universos podem ganhar energia, interagindo com a matéria.

Um universo alternativo na Antártida?

Os pesquisadores acreditam que esses neutrinos vem das profundezas do cosmos e não da Terra, já que se viesse do interior de nosso planeta a chance de colidirem com algo seria bem elevada. Além disso, os físicos estão tentando identificar se essa questão combina com a física na forma em que conhecemos ou não.

Conforme Gorham, todas as possibilidades envolvendo a física como conhecemos devem ser estudadas. Somente depois vão partir para um novo campo: “uma vez esgotadas todas as explicações possíveis no Modelo Padrão de Física, só então é hora de considere outras ideias que ultrapassam esses limites”, explicou.

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Gorham reclama que diversos artigos foram associados ao projeto experimental realizado na Antártida, embora não tenham relação alguma. “Essa é uma das razões pelas quais os avanços científicos prosseguem por um processo mais medido, por meio de revisão e verificação por outros pesquisadores”, destacou.

Então não existe um universo alternativo?

Bem, não é totalmente impossível. A descoberta não descartou essa possibilidade. Mas, antes de qualquer confirmação devem ser feitos muitos outros estudos.

O próprio estudo propôs a existência de um anti-universo, dominado pela antimatéria. Assim, remeteria ao tempo do Big Bang, onde as propriedades espaciais seriam invertidas com as do nosso universo.

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