Os noticiários do país não cansaram de relatar sobre as temperaturas elevadas no ano passado, sobretudo no segundo semestre. No entanto, não foi apenas o Brasil que vivenciou esse calorão inédito, visto que 2023 foi considerado o ano mais quente já registrado em todo o mundo.
De acordo com uma análise feita pela BBC, houve em quase todos os dias desde julho um novo aumento na temperatura global do ar. Além disso, as temperaturas da superfície do mar também superaram todas as medidas anteriores.
Ação humana e natureza
O Serviço Climático da União Europeia (UE) previu que 2023 seria o ano mais quente dos últimos 125 anos, e assim aconteceu. O ano passado foi cerca de 1,48ºC mais quente do que a média de longo prazo, antes da queima de quantidades enormes de combustíveis fósseis pelo ser humano.
Desse modo, o período foi registrado como o ano mais quente em todo o mundo tendo como principais fatores as alterações climáticas causadas pelo homem, bem como pelo El Niño: evento climático natural caracterizado pelo momento em que as temperaturas da superfície do mar no Pacífico oriental sobem para pelo menos 0,5°C acima da média de longo prazo.
Evidentemente, o mundo está muito mais quente do que há um século. A maior fatia em termos de responsabilidade nesse sentido é designada à liberação desenfreada humana de grandes quantidades de gases com efeito estufa na atmosfera, como o dióxido de carbono.
Temperatura recorde
O clima do planeta Terra se comporta de forma complicada. A mudança climática é um fator que acentua o caos. Nesse cenário, o mundo registou uma sequência avassaladora e quase ininterrupta de recordes diários em 2023.
Adicionado a isso, o El Niño aumentou de forma inesperada a temperatura do ar. Essas mudanças eram esperadas apenas para o início de 2024, quando o evento natural atingisse sua maior capacidade.
Essa “surpresa” deixou os cientistas ainda mais inseguros quanto os rumos que o clima global está tomando. Zeke Hausfather, cientista climático da Berkeley Earth, uma organização científica nos Estados Unidos, afirma que “Isso levanta uma série de questões realmente interessantes sobre por que [2023 foi] tão quente”.
Todo o mundo sentiu
Praticamente toda a Terra estava mais quente do que foi registrado entre 1991 e 2020. As consequências do ano mais quente foram sentidas não apenas pelas pessoas, mas ajudou a agravar problemas, como fenômenos meteorológicos extremos: desde ondas de calor intensas, secas prolongadas e inundações em partes da África Oriental, incêndios florestais no Canadá e no Brasil – principalmente no Pantanal.
Além disso, as regiões polares enfrentam desafios preocupantes relacionados ao derretimento do gelo marinho, evidenciando mudanças climáticas significativas. Tanto na Antártica quanto no Ártico, os níveis de gelo marinho atingiram patamares surpreendentes, sinalizando uma realidade alarmante.
Paralelamente, glaciares nas áreas ocidentais da América do Norte e nos Alpes Europeus passaram por uma estação de derretimento extrema, desencadeando impactos diretos no aumento do nível do mar.
A temperatura da superfície do mar global também atingiu recordes históricos, destacando-se meio a múltiplas ondas de calor marinho, incluindo aquelas que afetaram o Atlântico Norte.
O que esperar de 2024
A ascensão contínua das temperaturas globais ao longo do tempo é predominantemente atribuída às ações humanas, mesmo que elementos naturais, como o fenômeno El Niño, possam influenciar variações térmicas em períodos específicos.
No entanto, ao analisarmos as temperaturas registradas em 2023, é evidente que as causas transcenderam simples fatores naturais. O impacto das atividades humanas sobre o clima revela-se de forma inconfundível, reforçando a necessidade de abordagens sustentáveis para mitigar os efeitos do aquecimento global.
O ano de 2024 pode ser ainda mais quente do que foi 2023. Segundo o UK Met Office, este ano pode ultrapassar pela primeira vez o limiar de aquecimento de 1,5ºC. Caso as políticas atuais continuem no futuro, poderemos chegar perto de 3°C, o que seria infinitamente pior.