Vírus desconhecidos são encontrados em geleira tibetana

Rafael D'avila
Graham Beards/Wikimedia Commons/CC BY-SA 3.0

O derretimento das geleiras não está fazendo apenas o nível do mar subir, como também, há vírus desconhecidos ‘ressurgindo’ ao mundo. Não faz muito tempo que pesquisadores encontraram alguns deles datados em 15.000 anos, situados na calota polar de Guliya, no planalto tibetano.

Qualquer organismo de antigamente, sejam animais, bactérias, plantas, dentre outros, ajudam a contar a história do ecossistema de milênios passados, com detalhes exclusivos. Entretanto, há uma preocupação em torno destes vírus desconhecidos que podem se manifestar conforme as geleiras derretem.

“O derretimento não resultará apenas na perda desses micróbios e vírus antigos e arquivados, mas também os liberará em ambientes futuros”, escrevem os pesquisadores do novo estudo, liderado pelo microbiologista Zhi-Ping Zhong, da Universidade do Estado de Ohio.

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Imagem: Daniel Prudek/Getty Images

Com a aplicação de técnicas metagenômicas e métodos para manter as amostras de gelos esterilizadas, os cientistas procuram entender o que está escondido nesses organismos. Em uma nova pesquisa, a equipe identificou um arquivo de dezenas de vírus desconhecidos, conforme resultados publicados na revista Microbiome.

“Essas geleiras se formaram gradualmente e, junto com a poeira e os gases, muitos vírus também foram depositados neste gelo”, disse Zhong em um comunicado. Ele ainda relata que, potencialmente, tais micróbios representam aqueles na atmosfera no momento da deposição.

O que estudos revelam sobre esses vírus desconhecidos?

Pesquisas anteriores já indicaram que as comunidades microbianas se correlacionam, e apontam para condições ambientais e climáticas da época. Em um registro congelado, onde analisaram peças da China, descobriram 28 dos 33 vírus identificados que nunca haviam sido vistos anteriormente. “Esses são vírus que teriam prosperado em ambientes extremos”, diz o microbiologista Matthew Sullivan, da Ohio State University. “Assinaturas de genes que os ajudam a infectar células em ambientes frios, ou seja, apenas assinaturas genéticas surreais indicando como um vírus é capaz de sobreviver em condições extremas”.

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Imagem: Sercomi/Science Source

Ao comparar uma sequência de vírus desconhecidos, foi revelado, entretanto, que o mais abundante deles consegue infectar metilobactérias (bactérias importantes para o ciclo do metano no gelo). “Esses vírus congelados provavelmente se originam do solo ou das plantas e facilitam a aquisição de nutrientes para seus hospedeiros”, concluiu a equipe de pesquisa.

“Sabemos pouco sobre vírus/bactérias nesses ambientes extremos e o que realmente existe”, diz o pesquisador Lonnie Thompson, observando muitas questões importantes que permanecem sem resposta. “Como as bactérias e vírus reagem às mudanças climáticas? Ou seja, o que acontece quando saímos de uma era do gelo para um período quente como o que vivemos agora?”, finalizou ele.

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