A importância dramática da variabilidade genética

Mateus Marchetto
Entenda como as variações genéticas de uma espécie previnem a extinção. (Imagem de Arek Socha por Pixabay)

O seu material genético é uma combinação de centenas de milhares de nucleotídeos. Esses últimos são as moléculas adenina, guanina, citosina e timina – as ‘letrinhas’ do DNA. Combinados em diferentes ordens e sequências, os nucleotídeos carregam todas as informações para o funcionamento de um organismo. Por meio deles, as células produzem proteínas que vão catalisar reações. Enfim, tendo isso em mente, é preciso saber que nenhum organismo tem uma sequência genética exatamente igual a outro. O DNA pode até ser muito, realmente muito semelhante, mas nunca idêntico.

Uma população de uma certa espécie de animal, digamos abelhas, possui bichos com um material genético muito parecido, com mais de 99% de semelhança. Porém, nesse 1% ocorrem variações – uma variabilidade – que faz com que cada indivíduo seja único. Por esse mesmo motivo não há ninguém exatamente igual a você andando por aí, por meros 1%. Acontece que na natureza essa variabilidade pode conter características importantes.

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(Imagem de PollyDot por Pixabay)

Enfim, de volta ao exemplo. Digamos que algumas abelhas, dentro de uma população têm uma maior resistência ao calor. O planeta está ficando mais quente, então uma boa parte da população desses insetos vai acabar morrendo. Contudo, a variabilidade genética permite que pelo menos uma parte sobreviva, evitando assim a extinção completa da espécie. É claro, esse é apenas um exemplo, é evidente que as abelhas podem sim acabar extintas por causa do aquecimento global.

Mecanismos genéticos da evolução

Ao contrário do que você possa pensar, evolução e seleção natural não são sinônimos. A seleção natural é apenas um mecanismo da evolução. De uma forma ou de outra, a seleção natural é o padrão pelo qual organismos mais adaptados a um ambiente acabam sobrevivendo. Voltando à questão da variabilidade genética, se uma espécie tem um portfolio amplo de características, é provável que ela possa enfrentar mais condições adversas sem ser extinta.

A variabilidade é bastante evidente em plantações: quando as plantas são muito parecidas (frequentemente numa monocultura) uma praga pode facilmente acabar com toneladas de produtos agrícolas. Por outro lado, uma cultura mais variada está menos sujeita a esse tipo de problema e precisa de menos agrotóxicos, diga-se de passagem.

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(Imagem de Volker Glätsch por Pixabay)

Pense num jogo de poker. Se você apostar todas as fichas em uma rodada, a chance de você acabar sem dinheiro (extinto) é alta. Então, a melhor opção é variar suas apostas. Desse modo a pequena variação de 1% do DNA de animais de uma população pode prevenir a aniquilação. Essa característica está na natureza a tanto tempo não por coincidência, claro.

A variabilidade genética foi selecionada. Isso porque todas as espécies que não a tinham simplesmente não estão mais aqui para contar a história. Um recurso lindo, mas implacável da evolução.

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