Vacina contra tumor cerebral maligno é segura e eficaz, relatam pesquisadores

Ruth Rodrigues
Vacina contra tumor cerebral maligno pode ter sido encontrada. (AZU/Getty)

Em uma nova pesquisa publicada recentemente na Revista Nature, cientistas se mostram otimistas com a possibilidade de terem conseguido encontrar uma vacina contra tumor cerebral maligno. Até o momento, os métodos mais eficazes para combater o câncer são a quimioterapia e a radioterapia, que lutam contra as células tumorais para evitar que essas se proliferem.

O ponto positivo, caso essa descoberta seja concretiza, é que será o próprio corpo o responsável a sofrer algumas mutações, para alertar o perigo, quando estiver doente. Afinal, essa será a resposta do sistema imunológico após receber a dose de uma vacina.

Mutações genéticas no tumor cerebral

No meio científico, esses tumores são chamados por gliomas difusos. Devido a sua complexidade, se torna quase impossível de o remover usando a cirurgia, portanto, se faz necessário que o paciente realize algumas seções de quimio e radioterapia. Mesmo atingindo pessoas diferentes, esses tumores apresentam características semelhantes quanto ao seu erro genético.

Em cerca de 70% dos pacientes atingidos com essa doença, o erro encontrado é na molécula de DNA, onde a enzima IDH1 (isocitrato desidrogenase 1) tem em sua constituição proteica, uma troca na sua estrutura em blocos.

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Dessa forma, ao invés de uma enzima padrão, acaba sendo criada uma nova, também conhecida como neoepítopo. Essas novas estruturas, por serem diferentes daqueles presentes no organismo, deixam o sistema imunológico em alerta, fazendo com que eles reconheçam essa estrutura como sendo um patógeno.

A mutação IDH1 é vista como sendo a peça chave para encontrar a vacina contra o tumor cerebral. Uma vez que se trata de uma alteração muito específica, que não ocorre em tecidos saudáveis, somente onde existe a presença dessa enzima mutada. Portanto, se a IDH1 é responsável por ocasionar o problema, o único jeito de revertê-lo é tentar inibir ou desativá-la.

Pesquisas e eficácia da vacina

De acordo com a pesquisa realizada em 2019, a vacina confeccionada com um peptídeo específico fora capaz de interromper o crescimento de células cancerosas mutadas (IDH1) em camundongos. Já na versão mais recente, o projeto foi realizado com 33 pessoas, onde 30 delas tiveram suas respostas imunes estudadas.

No decorrer das observações, não houve manifestação de nenhum efeito colateral e 93% dos pacientes tiveram seu sistema imunológico demonstrando uma resposta específica conta o tumor cerebral.

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Segundo Michael Platten, chefe da divisão do Centro Alemão de Pesquisa do Câncer (DKFZ), “não podemos tirar quaisquer conclusões adicionais sobre a eficácia da vacina deste primeiro estudo sem um grupo de controle. A segurança e a imunogenicidade da vacina foram tão convincentes que continuamos a buscar o conceito da vacina em outro estudo de Fase I”.

vacina tumor cerebral
Evolução dos 33 pacientes desde o primeiro diagnóstico. Algumas etapas importantes, como a administração da vacina (cinza escuro), pseudoprogressão do tumor (círculos vermelhos) ou estabilização do câncer (quadrados verdes), são mostradas. (Michael Platten et al. 2021)

Quanto a taxa de sobrevivência, os médicos afirmam que 83% dos pacientes, conseguem sobreviver em torno de 3 anos após o início do tratamento. Enquanto isso, em 63% dos pacientes, o tumor cerebral não progrediu durante esse mesmo período de tempo.

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