História
Túneis com mais de 3 metros de altura no Brasil foram feitos por preguiças-gigantes

Imagine um animal de cinco toneladas, peludo e que consumia cerca de 300 quilos de vegetais por dia. Esta era a preguiça-gigante pré-histórica, uma espécie totalmente diferente dos pequenos bichos-preguiça que conhecemos hoje.
A espécie mais comum no Brasil era a Eremotherium laurillardi, um animal terrestre e não arborícola como seus descendentes atuais.
“As que existem hoje são espécies arborícolas e muitas vezes quando elas descem ao chão elas correm sérios riscos de vida, predação, não só pelo homem mas também pelo próprio ambiente”, disse Ednair Rodrigues, bióloga especialista em paleontologia, em uma entrevista para o G1.
Um gigante social com comportamento materno

Diferentemente das preguiças atuais, as gigantes possuíam cauda e andavam apoiadas nas quatro patas, ficando “em pé” apenas para alcançar alimentos na copa das árvores. Além disso, eram extremamente peludas e viviam em grupos.
“É comprovado que é uma espécie que vivia em manada e que provavelmente tinha um cuidado parental como todo bom mamífero”, explica a especialista.
Como típicos herbívoros, esses animais possuíam dentes de crescimento contínuo e sem esmalte. Para manter seu enorme porte, cada preguiça consumia aproximadamente 300 quilos de vegetação diariamente.
A megafauna brasileira e sua extinção
A preguiça-gigante não era a única representante da megafauna no Brasil. Ela coexistia com outros gigantes como os gliptodontes (antepassados dos tatus), mastodontes (ancestrais dos elefantes) e toxodontes (que vieram antes dos rinocerontes).
Registros da preguiça-gigante foram encontrados em quase todos os estados brasileiros. O animal existiu por milhões de anos até sua extinção durante o período glacial.
“Teve um período glacial muito intenso e esses animais não conseguiram se adaptar”, explica Ednair. A pesquisadora aponta que o apego a habitats específicos, alimentação restrita e baixa taxa reprodutiva contribuíram para a extinção desses animais.
Um legado subterrâneo impressionante

Uma das mais impressionantes descobertas deixadas por esses animais é a maior paleotoca do Brasil, localizada em Rondônia. A estrutura, composta por túneis e bifurcações, soma pelo menos 600 metros de extensão. Em alguns trechos, as galerias chegam a ultrapassar 3 metros de altura.
Estudos recentes, com tecnologias mais avançadas, indicam que essa paleotoca pode ser ainda maior do que se imaginava. Esses achados reforçam o impacto dos antigos gigantes na transformação da paisagem brasileira.