A tumba do Príncipe Negro revela sinais de sua construção

Letícia Silva Jordão
Imagem: Catedral Canterbury

Por meio de raio-x e outros equipamentos médicos, os historiadores finalmente conseguiram descobrir como a efígie de armadura realista que ficou guardada na tumba do Príncipe Negro de Eduardo de Woodstock, foi construída.

Eduardo de Woodstock foi herdeiro do trono inglês e possuía uma larga experiência nas artes militares. Porém, a sua reputação acabou sendo destruída por conta de um ataque mal planejado. Diante disso, ele se recolheu durante o restante da sua vida e morreu em 1376, sendo enterrado na Catedral de Canterbury na Inglaterra, um local diferente de outros membros da família real.

Uma réplica incrivelmente realista

A partir de tecnologia médica de imagem, os cientistas descobriram que a armadura do Príncipe Negro foi feita por um armeiro de verdade, não sendo uma simples réplica.

Quando o revestimento do item foi analisado, os pesquisadores viram que a armadura continha um sistema de parafusos e pinos que seguram todo o artefato, o que mostrava que o designer tinha um amplo conhecimento das armaduras medievais da época, fazendo com que ela ficasse extremamente parecida com a armadura real utilizada por Eduardo de Woodstock.

Jessica Barker, que é professora sênior de Arte Medieval no Courtauld, disse em um comunicado que “há algo profundamente comovente na forma como sua armadura é retratada na tumba.” Segundo a professora, a armadura parece mesmo ser a original, pois ela foi replicada com fidelidade completa, que pode ser vista até em pequenos detalhes.

Por mais que os nomes dos artistas que se empenharam em construir a armadura da tumba do Príncipe Negro tenham se perdido na história, a pesquisa possibilitou que os processos artísticos utilizados fossem resconstruídos.

A tumba do Príncipe Negro

Antes da descoberta, os historiadores acreditavam que a tumba do Príncipe Negro havia sido construída em 1376, no mesmo ano de sua morte. Entretanto, foi visto que as ligas de metal utilizadas na efígie são quase idênticas às feitas para o pai dele, Eduardo III, que foi construída em 1386.

A suspeita é de que as duas tumbas tenham sido construídas ao mesmo tempo por Ricardo II, que utilizou essa ação para se promover ao reinado.

Porém a falta de documentos existentes sobre a tumba do Príncipe Negro limita o entendimento da construção, cronologia e investimentos utilizados na tumba. Os cientistas planejam usar a tecnologia como forma de descobrir mais sobre esse antigo artefato.

Além das análises feitas nos revestimentos, também foi colocado uma sonda no interior da armadura, para ver como era a sua estrutura do lado de dentro. Isso foi possível a partir de aberturas que o artefato possuía, fazendo com que os pesquisadores pudessem examinar qualquer item que tivesse sido escondido no seu interior.

Segundo Emily Pegues, uma estudante de doutorado no Courtauld e curadora assistente de escultura na Galeria Nacional de Arte em Washington, “foi emocionante poder ver o interior da escultura[…] encontramos parafusos e alfinetes segurando a figura que a mostram mostrada como peças de um quebra-cabeça, revelando evidências das etapas de sua produção que ninguém viu desde a década de 1380”.

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