Teste de paternidade falha em pai com DNA quimérico

Mateus Marchetto
Nos EUA um pai deu origem a um filho de seu irmão gêmeo que nem nasceu. Entenda.(Free-Photos/Pixabay )

Uma quimera é uma besta da mitologia grega que possuí partes do corpo de diferentes animais em um único organismo. Contudo, as quimeras existem, biologicamente, e um novo estudo de caso mostrou como elas podem fazer testes de paternidade falharem.

Acontece que, na biologia, as quimeras são bem diferentes da mitologia. Um organismo quimérico é aquele que, na verdade, possui dois genomas completos e diferentes. Praticamente, a diferença de um ser humano quimérico para um que não seja, é nula. Ambos têm as características da espécie e as mesmas predisposições a doenças.

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(PublicDomainPictures/Pixabay)

Contudo, um casal de Washington resolveu ter um filho por reprodução assistida em 2014. O bebê nasceu saudável e feliz com tipo sanguíneo AB+. No entanto, seu pai tinha o tipo sanguíneo A+, e sua mãe, A-. Na teoria, é impossível que isso aconteça.

Pensando que o erro tinha sido da clínica de fertilidade, os pais buscaram advogados e realizaram um novo teste sanguíneo e de paternidade. Dessa vez, os resultados indicaram que o pai na verdade compartilhava apenas 25% do seu material genético com o filho. O problema é que essa porcentagem indica uma relação entre tio/sobrinho.

Após muito esforço, paternidade comprovada

Após esses resultados intrigantes, o casal buscou a opinião de geneticistas. Esses, por sua vez, realizaram novos exames e estudos genéticos mais precisos, confirmando a semelhança de apenas 25% do material genético. Ademais, os resultados mostraram que o pai era na verdade uma quimera.

Ou seja, o indivíduo possuía mais de um material genético em suas células. Esse segundo material genético pertenceu a um irmão gêmeo que mal chegou a se formar no ventre da mãe antes de ter seu desenvolvimento interrompido por causas naturais. Esse homem, portanto, deu origem a um filho de seu irmão gêmeo que nem nasceu. Esses resultados finais explicam por que o pai e o filho apresentaram apenas 25% de semelhança genética, afinal eles são geneticamente tio e sobrinho.

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Pixabay

O caso, um dos poucos já registrados foi parar no Journal of Assisted Reproduction and Genetics, na forma de um estudo genético. Os autores, geneticistas que acompanharam o casal, relatam que este tipo de caso pode ser mais comum do que parece. Nesse sentido, os resultados podem levar a suspeitas de infidelidade dentro da família ou a processos às clínicas de reprodução. O problema está, no entanto, no método baseado em PCR, que não consegue detectar a relação quimérica entre indivíduos.

Assim, os autores sugerem o desenvolvimento de novos testes para evitar esse tipo de confusão, além de maiores implicações.

Disponível em Journal of Assisted Reproduction and Genetics.

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