5 mil anos atrás, alguém preparou comida em uma taverna recém descoberta. Um grupo de pesquisadores encontrou uma antiga taverna no Iraque, ainda com a presença de comida.
Lideradas por Holly Pittman, as escavações em Lagash, no Iraque, tiveram seus resultados apresentados há alguns dias pela Universidade da Pensilvânia. No total, as escavações lideradas por Pittman encontraram bairros residenciais, fragmentos de cerâmicas, além de muitos outros detalhes encontrados.
“É um espaço público de alimentação que data de algo em torno de 2700 AEC”, diz Pittman em um comunicado. Pittman é professora do departamento de História da Arte da Penn, curadora da Seção do Oriente Próximo do Museu Penn e diretor do projeto Lagash. “É parcialmente ao ar livre, parcialmente área de cozinha”.
A descoberta mostra, aos pesquisadores, um pouco sobre como as pessoas viviam na época e no local. Essas escavações ocorrem desde a década de 1930 e hoje contam com tecnologia de ponta, como drones, imagens térmicas, magnetometria e técnicas de escavação com precisão cirúrgica.
Todas essas tecnologias e técnicas ajudam aos cientistas a entender um pouco sobre área, que deve ter sido um importante centro no passado.
“Com mais de 450 hectares, Lagash foi um dos maiores locais no sul do Iraque durante o 3º milênio”, diz Pittman. “O local era de grande importância política, econômica e religiosa”.
“No entanto, também pensamos que Lagash era um centro populacional significativo que tinha pronto acesso a terras férteis e pessoas dedicadas à produção artesanal intensiva. Dessa forma, a cidade poderia ter sido algo como Trenton, como em ‘Trenton faz, o mundo toma’, uma capital, mas também uma importante cidade industrial”, diz a pesquisadora.
Lagash era uma das maiores e mais antigas cidades da Mesopotâmia.
“O fato de você ter um local de encontro público onde as pessoas podem se sentar e tomar uma cerveja e ensopado de peixe, eles não estão trabalhando sob a tirania dos reis”, indaga o pesquisador Reed Goodman, arqueólogo da Universidade da Pensilvânia, à CNN.
Interrupções e tentativas
Pittman já pesquisava a área durante a década de 1980. No entanto, a guerra Irã-Iraque interrompeu a pesquisa. Após pouco tempo, a pesquisa foi novamente interrompida, desta vez pela Guerra do Golfo. Após esse período bélico, em 2017 Pittman tentava novamente, com o Conselho Estadual de Antiguidades e Patrimônio (SBAH) no Iraque, a permissão para voltar a escavar no local.
Após uma conexão por um conhecido em comum, Zaid Alrawi se juntou aos trabalhos de Pittman. Ela procurava alguém que soubesse árabe e entendesse sobre arqueologia, e Alrawi completara seu doutorado em arqueologia da paisagem na Universidade da Pensilvânia. Então, com a conexão, eles passaram a trabalhar nas escavações no local onde Lagash está soterrada.
“Visitamos alguns locais, começando com Lagash.”, diz Alrawi no comunicado da universidade. “Isso trouxe muita emoção a Holly. Fomos para a casa de escavação desmoronada onde ela havia ficado anteriormente. Foi um momento especial. Isso me mostrou que ela não era uma diretora aleatória que queria começar um projeto – havia história lá – e isso importava para mim quase antes de qualquer outra coisa”.
Descobertas importantes
As escavações demonstraram a construção de tijolos de barro e peças de cerâmica, além das construções responsáveis pela fabricação de tais peças, como diversos fornos. A quantidade de fornos representa, para os pesquisadores, que havia provavelmente uma produção significativa de cerâmica em Lagash.
Outro tema de pesquisa entre a equipe é a mudança no clima local. Rios e correntezas de água que existiram, já sumiram, e esse sumiço foi um desafio para as populações da região.
“Estamos todos completamente comprometidos com o sucesso coletivo deste projeto. O Iraque sofreu tão profundamente por muitos anos. Espero que encontre estabilidade e seja capaz de desfrutar e nutrir a sua grande e importante antiguidade. Nosso papel é ajudar a fazer isso acontecer”, diz Pittman.