Após uma década de especulação, cientistas finalmente desvendaram a origem de sons misteriosos, apelidados de “biotwang”, provenientes da Fossa das Marianas. Esses sons, que se assemelham a naves espaciais de ficção científica, foram detectados pela primeira vez em 2014 durante um levantamento acústico da área.
Pesquisadores confirmaram que os sons são, na verdade, chamados de baleias-de-Bryde (Balaenoptera edeni), capazes de alcançar 15 metros e pesar 20 toneladas. A descoberta foi publicada na revista Frontiers in Marine Science. Os cientistas suspeitavam inicialmente que os sons eram produzidos por baleias de barbatana, como as baleias azuis ou jubarte, mas os chamados não correspondiam a nenhum conhecido.
A confirmação veio quando os pesquisadores gravaram dez baleias de Bryde nadando perto das Ilhas Marianas. Nove delas emitiram o som distinto, levando a equipe a acreditar fortemente que haviam encontrado a fonte do “biotwang”. “Uma vez é coincidência. Duas vezes é acaso. Nove vezes, é definitivamente uma baleia de Bryde”, disse Ann Allen, oceanógrafa do Centro de Ciências Pesqueiras das Ilhas do Pacífico da NOAA e principal autora do estudo, à Scientific American.
Para provar conclusivamente sua teoria, a equipe analisou anos de gravações de áudio de estações de monitoramento no Arquipélago de Marianas. Eles usaram inteligência artificial para transformar o “biotwang” em espectrogramas – imagens que representam frequências sonoras ao longo do tempo. Essas imagens foram então analisadas por um algoritmo de aprendizado de máquina que poderia diferenciá-las de outros ruídos oceânicos.
Ao combinar a ocorrência dos chamados com os padrões de migração das baleias de Bryde, os pesquisadores confirmaram que elas eram de fato a fonte do “biotwang”. Curiosamente, o som só foi detectado no noroeste do Pacífico, sugerindo que apenas uma população específica dessas baleias o produz.
Embora a razão exata para esses chamados ainda seja desconhecida, os pesquisadores acreditam que as baleias podem usá-los para se comunicar umas com as outras em longas distâncias. “É possível que elas usem o ‘biotwang’ como um chamado de contato, uma espécie de ‘Marco Polo’ do oceano”, disse Allen à Popular Science.