Após sobrevoar o satélite Ganimedes a pouco mais de 1.000 quilômetros de altura, a sonda Juno registrou sons curiosos traduzidos das ondas eletromagnéticas do planeta. A sonda também forneceu informações sobre a atividade eletromagnética de Júpiter e das constelações vistas de lá.
Maior que o próprio planeta Mercúrio, a lua Ganimedes orbita Júpiter e é o maior satélite do Sistema Solar, com um raio de aproximadamente 2.600 quilômetros. Além disso, Ganimedes tem um outro diferencial: é o único satélite da nossa vizinhança solar a ter um campo eletromagnético próprio.
No dia 7 de Julho deste ano, então, a sonda Juno sobrevoou Ganimedes e registrou a emissão de ondas eletromagnéticas do satélite que estavam circulando pela magnetosfera (camada da atmosfera onde ocorre o movimento de partículas carregadas).
O padrão de frequência das ondas foi, por conseguinte, registrado pelos aparelhos especializados da sonda e traduzido por pesquisadores em ondas sonoras, como é possível ouvir no vídeo abaixo:
Esse tipo de conversão, aliás, acontece não só pela curiosidade de ouvir as ondas eletromagnéticas. Na verdade, a conversão para uma análise audiovisual permite que pesquisadores possam ter um panorama mais completo das características dos dados observados.
Outras observações além de Ganimedes
A missão Juno começou em 2016 e deve durar até Junho de 2025, com o objetivo de coletar dados a respeito do maior gigante gasoso do nosso Sistema Solar, o planeta Júpiter.
Vale comentar que as luas de Júpiter e Saturno são grandes candidatas a abrigar vida alienígena, bem como colônias humanas no futuro, devido à presença de água em grandes quantidades, além de condições relativamente amenas e semelhantes às da Terra. A própria lua Ganimedes, por exemplo, tem um oceano congelado abaixo da sua crosta.
De volta aos gigantes gasosos, contudo, a sonda Juno – que orbita Júpiter – coletou algumas informações interessantes sobre o planeta também nos últimos meses. A pesquisadora Lia Siegelman, por exemplo, criou uma comparação entre a turbulência registrada na atmosfera do planeta e aquela registrada em florescências de fitoplâncton nos oceanos terrestres, conforme mostra a imagem abaixo:
Júpiter ainda tem, assim como Saturno, um anel de poeira e detritos ao seu redor. Contudo, o anel de Júpiter é muito menor que os de Saturno e, portanto, dificilmente observado. A Juno, no entanto, registrou uma imagem icônica do cinturão de poeira, captando também a constelação de Perseu.
Os dados e resultados coletados da sonda foram apresentados na AGU Fall Meeting 2021.