Silvio Santos, o famoso apresentador e empresário brasileiro que faleceu ontem (17), era também conhecido por suas iniciativas inovadoras, e uma delas foi o “Computador do Milhão”, lançada em 2001. O projeto, inspirado no sucesso do programa de televisão “Show do Milhão”, visava tornar a tecnologia mais acessível às classes média e baixa do Brasil.
No final dos anos 90, a computação pessoal e a internet estavam em ascensão, mas ainda não eram tão populares como hoje. Em 1999, o Brasil tinha 7,6 milhões de usuários de internet, ocupando o sexto lugar no ranking global, mas muitos ainda dependiam do acesso compartilhado e tinham pouco conhecimento sobre como usar a internet. O Computador do Milhão surgiu como uma resposta a esse cenário, buscando democratizar o acesso à tecnologia.
Desenvolvido em parceria com a Microsoft, o Computador do Milhão foi lançado com um investimento de R$ 88 milhões. O computador, considerado acessível para a época, custava R$ 1.928 à vista ou podia ser financiado em até 36 parcelas de R$ 88 pelo Banco PanAmericano, também de propriedade de Silvio Santos.
Desafios e repercussão
O lançamento do Computador do Milhão foi marcado por uma grande demanda. No primeiro mês, foram registradas quase 800 mil ligações de interessados, mas a estrutura de atendimento não suportou, e apenas 15,76% das chamadas foram atendidas.
Apesar do sucesso inicial, as vendas não atingiram as expectativas. Nos primeiros 45 dias, foram vendidos 16.700 computadores, bem abaixo da meta de 500 mil unidades no primeiro ano. A Metron, fabricante do computador, assumiu a produção exclusiva na segunda fase do projeto, o que levou a um aumento no preço para R$ 2.199 e melhorias nas configurações.
A Metron enfrentou dificuldades financeiras em 2003, culminando em uma investigação de contrabando e um pedido de concordata preventiva. Não se sabe ao certo quando a produção do Computador do Milhão foi interrompida, mas, em 2003, o cenário de inclusão digital no Brasil já havia evoluído.
Embora o Computador do Milhão não tenha alcançado o sucesso comercial duradouro, o projeto deixou um legado importante na democratização da tecnologia no Brasil. A iniciativa de Silvio Santos abriu caminho para que mais brasileiros tivessem acesso à informática em um momento crucial da era digital.