Segundo estudo, as orcas respiram apenas uma vez entre cada mergulho

Daniela Marinho
Imagem: Canva

As orcas são animais fascinantes e que ainda intrigam os cientistas, que, inclusive, têm um conhecimento considerável sobre esses animais. Por exemplo, sabem que esses magníficos mamíferos marinhos vivem em grupos que seguem a linha materna, mostram uma inteligência relevante e têm uma longevidade surpreendente, podendo chegar até 90 anos.

No entanto, apesar desse conhecimento, ainda há muitas perguntas sem resposta sobre o comportamento desses animais. Nesse contexto, estudos inovadores forneceram novos insights sobre os padrões de mergulho e respiração das orcas.

Esses cetáceos distintivos, frequentemente conhecidos como “baleias assassinas” devido à sua aparência contrastante em preto e branco, têm sido observados realizando mergulhos curtos e superficiais, geralmente com duração inferior a um minuto.

Além disso, os pesquisadores notaram que eles respiram apenas uma vez entre cada mergulho. Essas descobertas foram relatadas recentemente na prestigiada revista PLOS ONE.

“Velocistas”

Andrew Trites, coautor do estudo e zoólogo da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, disse em comunicado que “As baleias assassinas são como velocistas que não têm a resistência da maratona das baleias azuis e jubarte para fazer mergulhos profundos e prolongados”.

Entender os padrões de respiração das orcas oferece aos cientistas uma valiosa perspectiva sobre suas demandas energéticas. Para realizar essa análise, os pesquisadores buscaram compreender não apenas a quantidade de alimento necessária para a sobrevivência desses animais, mas também a quantidade de energia que consomem durante períodos de descanso, deslocamento e caça.

As orcas que habitam a costa oeste da América do Norte enfrentam sérias dificuldades. As subpopulações de baleias assassinas residentes no sul, que passam uma parte significativa do ano em Puget Sound, no estado de Washington, estão incluídas na lista de espécies ameaçadas desde 2005.

Apenas cerca de 70 indivíduos desse grupo ainda persistem na natureza. Enquanto isso, as baleias assassinas residentes no norte também enfrentam desafios, sendo consideradas “ameaçadas” no Canadá, com aproximadamente 300 indivíduos remanescentes em sua área de distribuição no Pacífico Norte.

Como o estudo foi feito

orcas
Os pesquisadores usaram imagens de drones e dispositivos de rastreamento para analisar o comportamento de 11 orcas no norte do Oceano Pacífico. Imagem: UBC e Hakai, piloto de drone Keith Holmes

Os cientistas empregaram uma combinação de tecnologias, incluindo drones e dispositivos de rastreamento, para observar o comportamento de 11 orcas residentes, tanto no norte quanto no sul da região próxima à Colúmbia Britânica, no Canadá.

Esses dispositivos de rastreamento, que foram fixados temporariamente com ventosas por aproximadamente 20 horas antes de se desprendem, foram comparados a colocar um “Fitbit” nos animais, conforme explicado pela coautora do estudo, Beth Volpov, bióloga marinha da Universidade da Colúmbia Britânica, em uma entrevista para a revista Popular Science.

Desse modo, combinando as informações obtidas dos rastreadores e dos drones, a equipe de pesquisa conseguiu analisar um total de 8.118 mergulhos realizados pelas orcas durante o estudo.

Descobriram, portanto, que as orcas observadas respiravam a uma taxa média de 1,2 a 1,3 respirações por minuto enquanto descansavam, aumentando para uma média de 1,5 a 1,8 respirações por minuto durante períodos de deslocamento ou caça.

A maioria dos mergulhos registrados durou menos de um minuto, embora uma das orcas adultas tenha sido observada passando mais de oito minutos submersa, evidenciando a diversidade comportamental dentro da população estudada.

Comparativo com os humanos

Em comparação, enquanto os seres humanos normalmente respiram cerca de 15 vezes por minuto em momentos de repouso e entre 40 a 60 vezes por minuto durante atividades físicas, as orcas têm uma frequência respiratória notavelmente mais baixa.

Como explicado por Volpov em um comunicado à imprensa, a frequência respiratória desses mamíferos marinhos é tão espaçada que é como se estivessem “prendendo a respiração, correndo até o supermercado, fazendo compras e voltando, tudo antes de respirar novamente”.

Compartilhar