Recentemente arqueólogos ficaram brevemente surpresos ao se deparar com um trio de esqueletos acorrentados nas fundações de um castelo medieval de cerca de mil anos, na República Tcheca. Acredita-se que os corpos são parte de ritos de sacrifícios humanos, denominado pela arqueologia como sacrifícios de fundações.
Segundo um relatório da Archaeology News Network, os restos mortais datam do século XI, e é muito improvável que os três homens tenham morrido ao mesmo tempo em um acidente e permanecido no local. Segundo o arqueólogo Miroslav Dejmal, da Universidade Masaryk, a explicação mais plausível é a de que os indivíduos tenham sido assassinados em algum ritual pagão durante o projeto de construção do castelo.
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Os três homens foram colocados na primeira camada de pedras de uma muralha recém-construída e suas posições também sugerem que eles eram sacrifícios humanos. Existe também a possibilidade de que eles fossem prisioneiros de guerra escravizados na construção dos muros de pedra antes de serem sacrificados ou executados.
Sacrifícios de fundações: a origem dos contos de casas mal-assombradas?
Arqueólogos usam o termo “sacrifício de fundação” quando se referem a enterrar um ser humano embaixo, dentro ou sobre as fundações dos edifícios. Acredita-se que durante o período medieval, em algumas regiões, a construção de uma estrutura era uma “afronta aos espíritos e divindades da terra” e, para apaziguá-los, eram realizados rituais de sacrifício.
As pessoas acreditavam que os sacrificados se tornariam espíritos protetores que protegeriam os prédios em que foram sepultados, e esse conceito, de acordo com Seán Ó Súilleabháin em seu artigo de 1945, “Foundation Sacrifices”, que talvez seja a raiz dos contos de casa mal-assombrada conhecidos atualmente.
Relatos de corpos humanos em paredes e pisos
De acordo com um artigo publicado em 1995 no The Journal of American Folklore, os contos sobre sacrifícios de fundação são tão conhecidas que variantes do conto foram adotadas como parte da identidade nacional na Hungria, Romênia, Sérvia e Grécia (entre outros lugares).
Uma versão albanesa do conto “Castelo de Rozafa“, fala de “três irmãos” que são aprisionados nas paredes de uma poderosa fortaleza quando um velho disse que “o espírito do castelo busca uma vida humana”. E também há muitas evidências para a substituição do sacrifício da fundação, onde caixões vazios enterrados sob casas representando mortos e moedas, ovos, livros, velas, garrafas de vinho e cartas de baralho eram usados como substitutos do sacrifício.
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Um outro exemplo sacrifício humano é encontrado na história da pequena vila de Vestenberg, na Alemanha. Em um artigo intitulado Human Sacrifice in Legends and Myths, DL Ashliman, da Universidade de Pittsburgh conta o relado de uma mulher de oitenta anos. Segundo o relato, quando o Castelo Vestenberg estava sendo erguido, o pedreiro construiu um assento na parede para uma criança pequena cuja mãe tinha dado para ser sacrificado por “uma grande quantia em dinheiro”.
Os três homens presos nas fundações
Levando em consideração o quão comuns eram os sacrifícios de fundação comuns no século XI, a questão dos três homens acorrentados na primeira camada de pedras de fundação não é mais um mistério.
Agora os arqueólogos e antropólogos continuam o seu trabalho. Seu objetivo será ilustrar as circunstâncias em que morreram aqueles homens, e buscar suas origens em antigos registros locais. Eles também estão certos de que, futuramente, encontrarão mais camadas de evidências de rituais de sacrifício no local.
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