Ruínas de igreja monumental do reino de Makuria são descobertas no Sudão

Rafael D'avila
Imagem: Polish Centre of Mediterranean Archaeology/University of Warsaw/M. Reklajtis

Arqueólogos são responsáveis por nos dar grandes notícias, como as recém-encontradas ruínas da igreja monumental do reino de Makuria, que provavelmente era sede do poder cristão daquele território. Tal fato ocorreu há 1.000 anos, e a descoberta pode ter revelado a maior catedral já construída na Núbia, com 25 metros de largura.

As pinturas das paredes da abside da igreja (o lugar mais sagrado do templo) ‘representavam’ os Doze Apóstolos. “Seu tamanho é importante, mas também a localização do prédio – no coração da cidade de 200 hectares, a capital dos reinos combinados de Nobadia e Makuria”, diz o arqueólogo Arthur Obluski, diretor do Centro Polonês de Arqueologia Mediterrânea (PCMA) da Universidade de Varsóvia, que realizou a escavação, em um comunicado.

Em fevereiro, uma equipe utilizou a tecnologia de sensoriamento remoto para encontrar as ruínas da igreja monumental, entretanto, a descoberta surpreendeu a todos. “Não esperávamos ver uma igreja, mas uma praça usada para orações comunitárias”, apontou Obluski.

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Imagem: A. Chlebowski/ Smithsonian Magazine

O layout das ruínas da igreja monumental indica que a Catedral de Faras, outra cidade de Núbia (perto da fronteira com Sudão e Egito) serviu de inspiração para a construção do templo. Todavia, a cúpula encontrada é muito maior, com cerca de 7 metros de diâmetro, contra apenas 5 da Catedral de Faras.

Já para Salim Faraji, a descoberta “não é surpreendente, considerando que o Velho Dongola era a residência de um poderoso Reino cristão na Núbia Medieval, que conduziu a diplomacia estrangeira com o Egito muçulmano, Bizâncio e o Sacro Império Romano”. Contudo, informações da Enciclopédia de História Mundial apontam o reino de Makuria como uma grande potência entre os séculos VI e XIV d.C.

Equipe está tendo trabalho para conservar as ruínas da igreja monumental

ruínas da igreja monumental
Imagem: A. Wujec/ Smithsonian Magazine

Os moradores que habitavam a região onde as ruínas da igreja monumental foram encontradas, usavam rodas d’água para garantir a sobrevivência da agricultura local. Então, após uma trégua de 652 conhecida como Baqt, houve um relacionamento pacífico por seis séculos entre o reino cristão e o Egito.

Obluski afirma que Makuria era um verdadeiro ‘conto de fadas’, mas acabou sendo amplamente esquecido ao longo dos anos. O reino “parou os avanços do Islã na África por várias centenas de anos”, mesmo enquanto os muçulmanos “conquistaram metade do Império Bizantino”, acrescenta.

Agora, existe uma grande preocupação referente ao processo de conservação das ruínas da igreja monumental, explica Krzysztof Chmielewski. “Para continuar as escavações, é necessário reforçar o reboco da parede, enfraquecido e coberto com decoração de pintura, para que, em seguida, seja cuidadosamente limpo”.

Chmielewski está liderando o esforço da conservação para a Academia de Belas Artes da Varsória, e esperamos que tudo dê certo. Mais um pedaço da história da humanidade, pouco a pouco, está sendo revelado.

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