O espaço sideral tem sido objeto de estudo para entender como a microgravidade afeta a saúde dos astronautas. Recentemente, pesquisadores do Instituto Forsyth, em Massachusetts, enviaram 20 roedores para a Estação Espacial Internacional (ISS) e descobriram que a diversidade de bactérias intestinais pode sofrer alterações nesse ambiente.
Wenyuan Shi, um dos autores do estudo, publicado na revista Cell Reports, afirma que o microbioma intestinal está constantemente monitorando e reagindo, inclusive quando exposto à microgravidade. Essa descoberta pode ter implicações importantes na saúde dos astronautas, principalmente em relação à densidade óssea.
Dos 20 roedores enviados ao espaço, 10 sobreviveram e retornaram à Terra após 4,5 semanas. Os pesquisadores analisaram os microbiomas intestinais desses animais, comparando-os com os de um grupo controle que permaneceu na Terra.
Os resultados mostraram que os roedores do espaço apresentavam maior diversidade de bactérias intestinais, especialmente das espécies Dorea e Lactobacillus. Além disso, essa diversidade era ainda maior nos animais que passaram mais tempo no espaço.
Segundo os autores do estudo, essas espécies de bactérias podem contribuir para um aumento na concentração de metabólitos ligados à perda de massa óssea em condições de microgravidade. Joseph K. Bedree, primeiro autor da pesquisa, explica que as vias genéticas de Lactobacillus e Dorea parecem se alinhar com os metabólitos elevados durante a exposição à microgravidade.
A remodelação óssea é um processo natural pelo qual os ossos se adaptam a diferentes ambientes. Alguns estudos anteriores já apontavam que bactérias intestinais poderiam influenciar esse processo. Os pesquisadores acreditam que células envolvidas na remodelação óssea podem interagir com metabólitos produzidos por bactérias intestinais.
Embora o estudo com roedores destaque as alterações no microbioma intestinal sob microgravidade, mais pesquisas são necessárias para confirmar a relação entre bactérias intestinais e densidade óssea. Caso essa teoria se comprove, cientistas poderão identificar e controlar as bactérias responsáveis pela redução da densidade óssea em astronautas, mantendo-os saudáveis em condições extremas de microgravidade.
Além disso, a pesquisa pode levar a novos métodos de tratamento para pessoas na Terra que vivem com doenças ligadas à perda óssea. Futuros estudos podem transformar essas possibilidades empolgantes em realidade.