Réptil tem “equipamento de mergulho” natural e consegue ficar submerso por até 16 minutos

Milena Elísios
Imagem: Lindsey Swierk

O anole aquático, uma espécie pequena e discreta de lagarto, surpreende com sua habilidade única de sobrevivência. Este réptil de cor oliva-marrom desenvolveu uma técnica extraordinária para escapar de predadores como aves e caranguejos.

Quando ameaçados, esses lagartos mergulham em riachos próximos. Mas o que os torna realmente especiais é sua capacidade de “respirar” debaixo d’água. Eles manipulam bolhas de ar de uma forma que lhes permite permanecer submersos por mais tempo, uma adaptação fascinante que desafia as expectativas sobre a vida animal aquática.

Tanque de mergulho para lagartos

Quando ameaçados, os anolis aquáticos mergulham e criam uma bolha de ar. Essa bolha funciona como um mini tanque de oxigênio. Pesquisas mostram que eles podem ficar submersos por até 16 minutos usando essa técnica.

A ecologista Lindsey Swierk estudou esse comportamento curioso. Ela notou que os lagartos extraem oxigênio da bolha de ar. Isso permite que fiquem embaixo d’água por muito mais tempo que outros animais do mesmo tamanho.

Essa adaptação impressionante dá aos anolis aquáticos uma vantagem sobre predadores. Eles podem escapar rapidamente para a água e respirar por vários minutos.

Sua pele hidrofóbica cria uma fina camada de ar ao seu redor quando submergem. Esse fenômeno age como uma espécie de máscara de mergulho natural, permitindo que os répteis reinalem o ar preso à sua pele.

Pesquisadores testaram essa capacidade aplicando uma substância na pele dos lagartos para impedir a formação da bolha de ar. O resultado foi surpreendente: sem a bolha protetora, os animais ficaram submersos por 32% menos tempo em comparação ao grupo de controle.

“Isso é realmente significativo porque é o primeiro experimento que realmente mostra a importância adaptativa das bolhas. Respirar através delas permite que os lagartos fiquem mais tempo debaixo d’água”, explicou a pesquisadora.

Essa descoberta comprova que a bolha de ar não é apenas um efeito colateral, mas sim uma adaptação crucial para a sobrevivência desses répteis em ambientes aquáticos. A capacidade de permanecer submerso por mais tempo oferece vantagens na caça e na fuga de predadores.

A pele hidrofóbica dos anolis aquáticos é a chave para esse mecanismo único. Ela repele a água e mantém o ar preso à superfície do corpo do animal, criando um reservatório de oxigênio portátil. Essa adaptação engenhosa demonstra mais uma vez a incrível capacidade da natureza de encontrar soluções para os desafios ambientais.

Uma estratégia evolutiva única

Pesquisas recentes comprovaram que essa habilidade não é apenas um truque, mas uma adaptação crucial para sua sobrevivência.

Experimentos mostraram que, sem essas bolhas, os lagartos não conseguem ficar tanto tempo debaixo d’água. Isso sugere que as bolhas têm um papel importante na respiração desses animais. É uma descoberta fascinante que revela como a evolução criou soluções engenhosas para desafios ambientais.

Essa capacidade dos anolis aquáticos pode inspirar novas tecnologias. Cientistas acreditam que estudar esses lagartos pode levar a avanços em equipamentos de mergulho ou materiais que repelem água. A natureza mais uma vez se mostra uma fonte valiosa de ideias para a ciência e a engenharia.

“Já tive pessoas que falaram comigo sobre o quanto amam mergulho e mergulho livre e como estão interessadas em como os animais podem fazer a mesma coisa”, disse Swierk. “Portanto, há uma grande oportunidade de deixar as pessoas entusiasmadas com a ciência, tendo essa relação entre o que elas amam fazer e o que evoluiu na natureza. Mesmo em animais que parecem comuns – você está sempre encontrando coisas novas.

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