Rara explosão estelar, visível da Terra, pode ocorrer a qualquer momento; entenda

Felipe Miranda
Imagem: NASA/Conceptual Image Lab/Goddard Space Flight Center

Uma nova é uma explosão que ocorre em uma estrela. Entretanto, embora haja alguma semelhança nos nomes, uma nova é muito diferente de uma supernova.

Em uma supernova, uma explosão é o último momento de uma estrela já há muito moribunda. A explosão de grandeza surreal lança uma enorme quantidade de energia e matéria a gigantes distâncias astronômicas.

A nova por sua vez, ocorrerá pois o hidrogênio de uma estrela, classificada como gigante vermelha, se acumulou na superfície de uma anã branca. Esse material gera bastante pressão e calor na superfície da estrela. Dessa maneira, ocorrerá, uma enorme explosão termonuclear.

“É um evento único na vida que criará muitos novos astrônomos por aí, dando aos jovens um evento cósmico que eles podem observar por si mesmos, fazer suas próprias perguntas e coletar seus próprios dados”, disse em um comunicado da NASA a Dra. Rebekah Hounsell, pesquisadora assistente especializada em novos eventos no Goddard Space Flight Center da NASA em Greenbelt, Maryland. “Isso vai alimentar a próxima geração de cientistas.”

O evento nova de explosão estela, em condições de visibilidade na Terra, ocorre, em média, uma vez a cada 80 anos – ou seja, cada pessoa pode ver o raro evento apenas uma vez na vida.

“Existem algumas novas recorrentes com ciclos muito curtos, mas, normalmente, não costumamos ver uma explosão repetida em uma vida humana, e raramente uma tão relativamente próxima de nosso próprio sistema”, disse Hounsell. “É incrivelmente emocionante ter este assento na primeira fila.”

As novas recorrentes, citadas pela pesquisadora, são novas que, após a explosão, reiniciam o ciclo, e após um novo acúmulo de hidrogênio, uma nova explosão termonuclear ocorre. Em termos cósmicos, isso ocorre em períodos curtíssimos. Entretanto, para o tempo humano, são muitas décadas.

“Cientistas cidadãos e entusiastas do espaço estão sempre procurando por esses sinais fortes e brilhantes que identificam novos eventos e outros fenômenos”, disse no comunicado a Dra. Elizabeth Hays, chefe do Laboratório de Física de Astropartículas da NASA Goddard. “Usando as redes sociais e o e-mail, eles enviam alertas instantâneos e a bandeira sobe. Contamos com essa interação da comunidade global novamente com o T CrB.”

T CrB é o nome que os cientistas utilizam para se referir ao sistema estelar binário T Coronae Borealis, também apelidado de “Blaze Star”. Localizado a cerca de 3 mil anos-luz da Terra, o sistema é formado por uma anã-branca e uma gigante vemelha.

Uma anã branca é uma estrela com o tamanho da Terra após a violenta morte de uma estrela semelhante ao Sol. Uma gigante vermelha é uma antiga e moribunda estrela perdendo seu hidrogênio para a anã branca vizinha.

A última explosão de nova da T CrB vista da Terra ocorreu em 1946. O primeiro avistamento da nova do sistema, há aproximadamente 800 anos, mais precisamente no outono (do hemisfério norte) de 1217.

O registro é de um homem chamado Burchard, abade de Ursberg, na atual Alemanha. Ele registra sua observação como “uma estrela fraca que por um tempo brilhou com grande luz”.

Veja como é a explosão estelar. Imagem: Imagem: NASA/Conceptual Image Lab/Goddard Space Flight Center

Como observar a explosão estelar?

Para quem está no hemisfério norte, basta observar a explosão estelar chamada de nova, procure pela Coroa do Norte, na posição leste da constelação de Hércules. O evento poderá ser visto a olho nu. Do Brasil, entretanto, o fenômeno poderá ser visto próximo ao horizonte, já que a constelação só é visível no norte do globo.

Vários telescópios estarão aguardando pela explosão estelar.

“Observaremos o evento em seu pico e em seu declínio, à medida que a energia visível da explosão desaparece”, disse Hounsell. “Mas é igualmente crítico obter dados durante o início da erupção – então os dados coletados por esses ávidos cientistas cidadãos que estão à procura da nova contribuirão dramaticamente para nossas descobertas.”

“As novas recorrentes são imprevisíveis e contrárias”, disse o Dr. Koji Mukai, pesquisador de astrofísica da NASA. “Quando você acha que não pode haver uma razão para eles seguirem um determinado padrão, eles seguem – e assim que você começa a confiar que eles repetem o mesmo padrão, eles se desviam completamente dele. Vamos ver como o CrB se comporta.”

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