Radiação está atingindo você agora – mas isso não é necessariamente ruim

Felipe Miranda
Contador Geiger. Imagem: Pixabay

Radiação solar, ondas de rádio, micro-ondas – os diversos tipos de radiação estão o tempo todo em nosso entorno. A palavra radiação tem uma associação muito ruim pelo público – geralmente associada com a radiação ionizante – aquela que, mesmo em níveis não muito altos, pode ser extremamente prejudicial ao ser humano.

Dependendo o tipo da radiação, da intensidade ou da duração da exposição a ela, a radiação pode trazer benefícios ou riscos à saúda da pessoa.

“Os seres humanos se desenvolveram e vivem imersos em um mundo de emissões de radiações de várias energias”, disse ao Educar a professora do curso de Física Médica e diretora da Faculdade de Física da PUCRS, Ana Maria Marques da Silva. “Os nossos olhos se desenvolveram para detectar uma faixa da radiação eletromagnética que chamamos de luz visível, cuja energia é baixa, não sendo capaz de destruir e produzir muitos danos às células”.

Radiação ionizante e não ionizante

A radiação ionizante é aquela mais perigosa à nossa saúde.

Segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer): “Radiação ionizante é aquela que tem energia suficiente para remover elétrons dos átomos, criando então os íons”.

Um dos perigos da radiação ionizante é o de retirar elétrons dos átomos que compõem o nosso DNA – por isso diz-se que a radiação ionizante causa alterações em nosso DNA e, portanto, câncer. Entre elas estão Raios-X e Raios Gama, Partículas Alfa e Partículas Beta.

“Estes íons, dentro de uma célula, podem produzir danos, alterando sua função ou até destruindo-a. As células do corpo humano, ao absorverem radiação ionizante, podem sofrer efeitos diversos, como alterações permanentes em seu DNA (mutações), morte celular ou simplesmente sofrer alterações” diz Silva.

9103296900 94b9e4a4aa k
O Sol é uma enorme fonte de radiação. Imagem: NASA/Goddard/SDO

“Os tecidos e órgãos mais sensíveis à radiação são o aparelho digestivo, a pele e a medula óssea. Os danos à medula óssea, que produz as células do sangue, podem causar anemia, baixa resistência imunológica e hemorragias. Se as doses são muito elevadas, pode inclusive causar a morte das pessoas atingidas, como aconteceu em outros acidentes nucleares”, explica a professora ao portal.

Já a radiação não ionizante é um tipo de baixa frequência e baixa energia. Essa energia não costuma causar males para a saúde do ser humano. Obviamente que isso também depende da exposição. Entretanto, temos muito mais tolerância a esse tipo de radiação.

Entre os tipos de radiação não ionizante estão as ondas de rádio, a luz visível, a radiação infravermelha, as micro-ondas.

A luz solar, por exemplo, é composta tanto pela radiação ionizante quanto pela pela não ionizante. Entretanto, boa parte da radiação perigosa é bloqueada pelo campo magnético da Terra.

Em relação à radiação, ainda, é bom tomar cuidado com as fake news. Há poucos anos, quando começou a se espalhar a tecnologia de 5G, diversos movimentos surgiram dizendo que a radiação do 5G faz mal à saúde. Alguns movimentos até mesmo queimaram antenas. E obviamente, nas concentrações que receberemos a radiação, nenhum mal deve nos fazer.

A radiação nos cerca

Sabendo um pouco sobre a radiação, fica meio óbvio que diversas coisas ao seu entorno são fontes de radiação: seu roteador, sua TV, seu celular, o computador, a lâmpada. E não é porque essas formas de radiação são não ionizantes que elas não possam fazer mal para a saúde.

Até mesmo nós somo uma fonte de radiação.

A radiação, portanto, é útil para nós. Ela pode ser tanto uma ferramenta, como a luz, ou as ondas eletromagnéticas, que transportam as informações entre antenas, mas pode ser também uma fonte de vitaminas, como quando tomamos a luz solar.

Além disso, a luz solar pode ser boa – e é. Mas também pode ser prejudicial. Tomar luz solar em excesso pode causar até mesmo câncer de pele.

Confundir a radiação ionizante e a não ionizante, ou até mesmo considerar a palavra radiação como sinônimo exclusivo da radiação ionizante está muito errado. Entretanto, ter cautela com ambos é bom.

Compartilhar