Quem é o Anticristo? O personagem do fim do mundo cristão

Felipe Miranda
(Getty Images)

A cada dia parecemos mais próximos da extinção da humanidade – vulgo apocalipse. Então, nada mais natural do que falar sobre a mitologia do fim do mundo vigente no mundo cristão. Qual é, afinal, o contexto histórico por trás do Anticristo?

A religião é uma grande construção histórica ou social (seja você crente ou ateu – atribua ou não essa construção a alguma força divina). Dessa forma, podemos traçar um pouco de como surgiu o Anticristo, em termos históricos. Seria ele o Bill Gates? Seria George Soros? George W. Bush? Quem é o anticristo? Esqueça essas teorias das conspirações – falaremos sobre fatos científicos e interpretações históricas.

O antagonismo

A bíblia não menciona muito essa entidade. Os cristãos mais fervorosos não gostam nem de falar em seu nome. Mas trata-se de uma entidade maligna, nesse jogo de forças boas e más. 

Jesus é o messias cristão. Para os islâmicos, ele é um dos mais importantes profetas. Da grande tríade monoteísta, apenas os judeus não atribuem-no nada muito importante – o messias judeu ainda não chegou à Terra. E para os historiadores, é um fato de que Jesus realmente existiu. 

Há, também, outro ponto importante para destacarmos. O ser humano se acostumou com a dualidade, pelo menos em nossa sociedade. Há o polo positivo e o polo negativo, na política há a esquerda e a direita, há o bem e o mal, há Deus e o Diabo. Naturalmente, deve haver o antagonista de Jesus Cristo. Portanto, há Cristo e o Anticristo. 

Detail The Deeds of Antichrist Luca Signorelli 1505
Ilustração do Anticristo por Luca Signorelli, (1501)

Na mitologia cristã, o Anticristo viria para a Terra se passando pelo verdadeiro Cristo. Esse falso Messias pregaria e levaria muitos fiéis aos seus pés, enganando o povo. Mas depois, o verdadeiro Messias retornaria à Terra, a sua promessa após a crucificação. 

Afinal, quem é o Anticristo?

A bíblia cita o Anticristo apenas 5 vezes. No entanto, há descrições além. Quando o Império Romano do Ocidente caiu, em 476 EC, muitos pensaram ser o fim dos tempos, e que isso abriria as portas para a chegada do anticristo. Mas o mundo não acabou, e novas descrições surgiriam. 

Uma das descrições mais famosas é a do monge beneditino  Adso de Montier-en-Der, extremamente popular na Idade Média. Essa versão copiava descrições bíblicas e complementava com descrições extraoficiais. Ele dizia que o anticristo seria um judeu da tribo de Dã nascido na Babilônia. Mas ele não escolheu o local de nascimento; apenas juntou alguns relatos. Hipólito de Roma já descrevia, então, a tribo de Dã como origem do falso messias alguns séculos antes.

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La predicazione dell’Anticristo, Luca Signorelli, (obra feita entre 1499 e 1502)

No entanto, a descrição novamente não permaneceu imutável. Até os dias de hoje, muitos acreditam, de fato, que será um judeu nascido na Babilônia. Mas em diversos momentos, até mesmo alguns papas foram acusados de ser o anticristo. Essa ideia tornou-se bastante famosa entre os primeiros adeptos da Reforma Protestante, no momento em que o Luteranismo e outras interpretações cristãs separavam-se de Roma. 

Mas outra interpretação que existe desde os primórdios do cristisanismo é a de que o anticristo não é apenas uma pessoa. Desde o início da religião cristã, multidões foram acusadas de ser o anticristo. Existe até mesmo uma ONG chamada Anti-Christ Watch, que visa encontrar anticristos em potencial. 

Hoje, há muitas teorias da conspiração em relação ao Anticristo – desde quase todos os ex-presidentes dos Estados Unidos, Bill Gates, George Soros, a ONU, os maçons, os iluminatis.

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