Todos os mapas geográficos produzidos no Brasil e na maior parte do mundo sempre indica o Norte na parte superior. No entanto, apesar da ubiquidade desta representação, ela não tem valor algum. Se o governo brasileiro quisesse produzir mapas com o Brasil na posição superior, não teria problema algum com nenhum órgão internacional. Então, quem decidiu que o norte deveria ter esta posição?
Nas escolas e em quase todos os lugares, os planisférios mostram o norte no topo. Portanto, não é surpreendente ver o Polo Norte no topo do mapa. Entretanto, existem alguns mapas onde o Polo Sul está ao norte, incluindo um do australiano Stuart MacArthur de 1970 (na imagem acima). Olhar para este mapa desafia nossos pontos de referência habituais, dando a impressão de que o mundo está de cabeça para baixo. E, no entanto, esta representação não é menos correta do que qualquer outra.
Onde tudo começou
Na Idade Média, os cartógrafos tinham regras diferentes das que temos hoje. O ‘mapa T e O’ representava os três continentes conhecidos da época, ou seja, a África, a Europa e a Ásia. Neste mapa, o norte, portanto, aponta mais para a esquerda. A razão para esta representação está obviamente relacionada ao contexto religioso. O Sol nascente está no leste, onde supostamente estaria o Paraíso.
Por volta do ano 150 EC, a Geografia, de Ptolomeu, compilou o conhecimento geográfico e cartográfico do Império Romano. Este atlas estabelece várias convenções, tais como considerar o equador como a base da latitude e a necessidade de colocar o Norte no topo. Apesar de algumas falhas, esta visão estava para se estabelecer e permaneceu em vigor até hoje. Esta mesma visão também foi reforçada pela democratização da bússola que indica o norte magnético.
Esta representação tornou-se uma convenção universal com o trabalho do matemático e geógrafo flamengo Gerardus Mercator (1512-1595). Em 1569, ele desenvolveu um dos mapas mais importantes, utilizando uma projeção que era essencial para os marinheiros da época. No entanto, sua projeção é agora criticada por distorcer os ângulos e exagerar a Europa e a América do Norte em detrimento da África e da América do Sul. Felizmente, essa versão foi abandonada pelo Google Maps em 2018.
Conclusão
Como vimos, nenhum tratado ou lei internacional quis que o mapa mundi indicasse que o Norte fosse em cima. Pelo contrário, foi uma visão eurocentrista que acabou passando essa percepção para as outras culturas, muitas colonizadas pela própria Europa. Além disso, hoje já existem muitos mapas que corrigem todas as percepções errôneas do mundo.