Quando cientistas criaram galinhas com pernas de dinossauro

Mateus Marchetto
Imagem: Alexas_Foto / Pixabay

Trazer animais extintos de volta à vida é uma questão antiga que levanta muito entusiasmo e debate mesmo entre especialistas. Os dinossauros, nesse sentido, sendo provavelmente os animais extintos mais famosos do mundo, não escapam desse entusiasmo. Em 2016, contudo, pesquisadores chegaram um pouco mais perto de recriar estes animais, depois de gerarem artificialmente uma galinha com pernas de dinossauro.

Trabalhando no laboratório do pesquisador Alexander Vargas, na Universidade do Chile, o cientista brasileiro João Botelho vinha estudando a genética evolutiva por trás de diversas características das aves.

Anteriormente, pesquisadores já haviam observado que, durante os primeiros estágios embrionários, as aves possuem membros semelhantes aos seus ancestrais dinossauros de aparência mais primitiva. Assim, a equipe de cientistas começou a procura pelos genes responsáveis por uma aparência mais galinácea nas aves.

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Imagem: munzelminka / Pixabay

Em 2016, por conseguinte, os cientistas publicaram uma nova descoberta no periódico Evolution. Acontece que um gene chamado Indian Hedgehog é ativado durante o desenvolvimento das aves. Esse gene, portanto, faz com que a fíbula das aves fique mais curta que a tíbia, o que impede também os dois ossos de se conectarem ao tornozelo.

Quando o gene foi silenciado em embriões de galinha, os pintinhos desenvolveram fíbulas longas e tubulares – uma característica dos primeiros dinossauros avianos, como o Archaeopteryx. Além do mais, a os ossos mais compridos também se conectaram ao tornozelo, assim como também ocorria nos dinossauros.

Os filhotes acabaram, todavia, não se desenvolvendo. No entanto, a formação das pernas de dinossauro reforçou mais uma vez a ligação genética, e consequentemente, evolutiva entre os dinossauros e aves modernas. Aliás, vale comentar que as aves são os dinossauros que sobreviveram à extinção.

Outras características além das pernas de dinossauro

Como dá para imaginar, essa descoberta de 2016 não foi a única tentativa para se trazer de volta características de dinossauros, ou de qualquer animal extinto. Em 2006, cientistas modificaram geneticamente galinhas que desenvolveram dentes.

Com a alteração de certas proteínas do corpo das galinhas, e 2015 uma outra equipe de cientistas criou galinhas com focinhos ao invés de bicos. Isso mostra, mais uma vez a recuperação de características há muito perdidas nas aves por meio da evolução.

Um fóssil estudado no final de 2021 também mostra como dinossauros tinham uma postura igual à das aves dentro dos ovos.

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Imagem: Myriams-Fotos / Pixabay

Por que não deixam as galinhas em paz?

Pesquisas como a de João Botelho têm um objetivo muito diferente do que simplesmente criar um dinossauro por entretenimento. Recriar estas características permite que pesquisadores entendam com muito mais profundidade como a evolução aconteceu – ou ainda acontece – em diversos animais, inclusive o Homo sapiens.

Pela dificuldade em se recuperar DNA de dinossauros, as galinhas são os animais ideais para estudar seus parentes extintos, já que muitas características deles se conservam nas aves.

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