Estação espacial chinesa Tiangong-1 finalmente caiu do céu.
A Tiangong-1, que se traduz como “Palácio Celestial”, reentrou na atmosfera terrestre em 1º de abril. Apesar da data, isso não foi uma brincadeira de primeiro de abril.
A espaçonave de 9,4 toneladas subiu ao espaço em 2011, mas em 2016, o governo chinês perdeu a comunicação devido a um aparente problema técnico. Em 21 de março de 2016, a agência espacial estatal da China CMSA (China Manned Space Agency) anunciou que o controle da missão em solo havia perdido toda a sua telemetria e comunicações com a Tiangong 1, não permitindo controlar sua descida. Em 14 de setembro, a CMSA confirmou que o Tiangong 1 desceu para uma órbita de 370 km e estava perdendo altitude a uma ritmo de 100 m por dia.
Era difícil prever o momento exato que a Tiangong-1 iria voltar a entrar na atmosfera da Terra, e o local em que ela iria se quebrar em pedaços antes de cair.
De acordo com o site SatView, a Tiangong-1 reentrou na atmosfera terrestre a menos de meia-hora atrás: às 21h16 no horário de Brasília em 1º de abril (ou às 5:16 p.m. PST 1 abril / 00:16 UTC em 02 de abril) de 2018.
Na segunda-feira 26 de março, a estação espacial chinesa em queda estava a uma altitude de cerca de 210 quilômetros (130 milhas). Vinha caindo mais de 1,6 quilômetro (uma milha) todos os dias desde então, e sua taxa de descida também estava se acelerando.
A localização exata do iminente crash da Tiangong-1 ainda era um mistério naquela data, mas era provável, segundo as estimas dos especialistas, que ela viria a cair em algum lugar entre faixa que se estende de 42,7 graus norte a 42,7 graus sul.
As chances de reentrada da Tiangong-1 eram ligeiramente maiores na Nova Zelândia, na Tasmânia, nos estados do norte dos Estados Unidos, no norte da China, no Médio Oriente, na Itália central, no norte de Espanha e em partes da América do Sul e da África austral.
Queda confirmada
A maior parte da estação espacial de 10,4 metros de comprimento se queimou na atmosfera, mas algumas peças permaneceram intactas e salpicaram o céu no sul do Oceano Pacífico, a noroeste do Taiti.
Jonathan McDowell, astrônomo no Harvard-Smithsonian Center for Astrofísica em Cambridge, Massachusetts, escreveu em sua conta no twitter, em primeiro de abril:
“Menos de 10 minutos até o início da janela de reentrada DICA: de quatro horas. Lembre-se: 1) esta coisa vai reentrar espetacularmente, mas vai (quase super certamente) não machucar ninguém. 2) nós não podemos saber se ela caiu até uma hora ou assim depois que ele realmente o fez”.
Nos últimos dois anos, o laboratório espacial tem estado cada vez mais perto da terra. Era difícil prever quando entraria na atmosfera terrestre porque se movia tão rápido. “Está indo a 27.356 km/h, então se você estiver errado por uma hora você errou por 27.356 quilômetros”, disse McDowell.
Astrônomos e entusiastas de voo espacial rastreavam a retornada a terra da Tiangong-1 com medições de radar e dados de um site de monitoramento de satélite executado pelo departamento de defesa dos EUA.
O 18º Esquadrão de Controle Espacial (18th SPCS) confirmou, em sua conta no Twitter, a reentrada da Tiangong-1 com as seguintes palavras:
ATUALIZAÇÃO: #JFSCC confirmou #Tiangong1 reentrou na atmosfera sobre o sul do Oceano Pacífico às ~21h16 (horário de Brasília) em 1º de abril. Para detalhes confira em: http://www.space-track.org @US_Stratcom @usairforce @AFSpaceCC @30thSpaceWing @PeteAFB @SpaceTrackOrg
Sono profundo
A Tiangong-1, que foi a primeira estação espacial da China, foi lançado em 2011 e hospedou astronautas por duas vezes, em 2012 e 2013. Havia sido planejada para durar somente cerca de dois anos. A CMSA colocou a Tiangong-1 em modo de hibernação depois da segunda visita de seus astronautas, caso o lançamento de seu segundo laboratório espacial, a Tiangong-2, não fosse lançado com sucesso.
“Alguma pessoa de coragem dentro da agências espacial chinesa disse ‘A Tiangong-2 não subiu bem? Então vamos nos ferrar. Devemos manter a Tiangong-1 lá em cima’”, disse McDowell. “Eles fizeram uma aposta de que estaria tudo certo hibernando a Tiangong-1 em órbita e tudo ficariam bem quando eles a acordassem de novo. Só que eles perderam a aposta”.
Quando a agência espacial chinesa tentou enviar comandos à Tiangong-1 em 2016, eles descobriram que ela estava sem energia. Não havia como controlá-la. Normalmente, quando uma grande espaçonave chega ao final de sua missão, seus operadores usam seus propulsores para fazer sua reentrada. Assim, qualquer parte que não seja incinerada na atmosfera é direcionada para uma queda no oceano. Essa é uma queda controlada.
Neste caso, eles tiveram que deixar a gravidade assumir o volante.
Fontes: New Scientist e Science Alert.