Segundo artigo publicado na revista internacional “Zoological Journal of the Linnean Society”, foi encontrado mais um fóssil bem preservado do pampaphoneus biccai, nome científico do espécime pré-jurássico que teria até 3 metros de comprimento e pesaria cerca de 400 kg. Acredita-se que ele foi o mais antigo predador terrestre da América do Sul.
Em tradução livre, seu nome científico pampaphoneus significa “matador dos pampas”, enquanto biccai é uma homenagem a José Bicca, proprietário da fazenda onde o fóssil foi encontrado.
O estudo foi realizado por acadêmicos do Rio Grande do Sul e do Piauí, como parte de uma parceria entre a Universidade Federal do Piauí (UFPI), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) e da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.
Apesar de pesquisadores já terem encontrado um crânio quase completo com mandíbula articulada do pampaphoneus em 2008, na Formação Rio do Rasto, no Rio Grande do Sul, apenas agora foram capazes de localizar um exemplar tão bem conservado. Isso permitiu à equipe descobrir características inéditas do espécime.
Detalhes sobre o fóssil
Felipe Pinheiro, paleontólogo da Unipampa, afirma que a dentição do animal era suficiente para mastigar ossos, assim como fazem as hienas. Além disso, o pampaphoneus teria a mesma funcionalidade ecológica dos felinos dentro de seu bioma.
Trata-se de um animal de médio porte classificado na família Anteosauridae: predadores com dentes afiados e caninos proeminentes. Eles estavam presentes na Ásia, na África e na América do Sul.
Além disso, o predador existiu há 265 milhões de anos – antes mesmo do surgimento dos dinossauros, que, de acordo com cientistas, datam de 251 a 201 milhões de anos atrás.
Mesmo que o estudo tenha contado com especialistas de outro estado e de fora do Brasil, Pinheiro defende que o fóssil encontrado fique próximo do local em que foi descoberto. O pampaphoneus é uma evidência fortíssima de que havia carnívoros terrestres na América do Sul antes do aparecimento dos dinossauros. Além disso, tais achados colaboram fortemente com o estudo sobre a origem da vida na Terra em épocas distantes.
