Embora possivelmente fascinado, você provavelmente já cansou de nos ouvir falar sobre Marte e como algumas evidências científicas indicam algo que pode representar um habitat para a vida em Marte hoje ou no passado. Mas voltando ao que já se tornou clichê – possivelmente Marte já abrigar oceanos e se pareceu muito com a Terra. Então, encontrar evidências que comprovam ou desmentem essa hipótese é algo quase essencial para a ciência planetária e para a curiosidade humana.
Acontece que as maiores suspeitas hoje são de vida no passado. Acredita-se que Marte não tenha mais as condições necessárias para abrigar vida porque o planeta é um grande deserto, e está praticamente morto. Um dos principais requisitos para a vida é a atividade geológica – principalmente para Marte, que possui uma superfície bastante inóspita. Entretanto, Marte já morreu geologicamente.
As análises
Mas e se Marte não fosse tão morto assim? Sabe-se que Marte possuía uma atividade vulcânica de até 2,5 milhões de anos atrás. Só que uma equipe de cientistas pode mudar isso em breve. Um novo estudo de pesquisadores da Universidade do Arizona e do Smithsonian Institution, publicado por ora somente como preprint, no arXiv, e ainda não revisado por pares, sugere uma grande erupção há 53 mil anos em Marte – algo extremamente recente, em termos geológicos.
Os pesquisadores identificaram, em uma região chamada de Cerberus Fossae, repleta de fissuras de origem geológica, um depósito estranho. Ele se destaca da superfície marciana circundante pelo baixo albedo (baixa reflexão de luz), dificuldade na condução térmica e piroxênio rico em cálcio. A combinação desses e outros fatores pode indicar uma atividade geológica.
Se isso for real, e os cientistas confirmarem em breve, é algo de certa forma disruptivo, pois indicaria que Marte pode ainda estar geologicamente ativo, mesmo que em um nível pequeno. Sabemos que o planeta não possui uma atividade geológica considerável porque não tem campo magnético nem nada semelhante. Mas uma atividade mínima, por mais ínfima, que ainda pudesse causar erupções em alguns momentos, poderiam criar um habitat para a vida em Marte (vida microscópica, claro).
Se ocorreu, a erupção data de entre 53.000 a 210.000 anos atrás. Ela se levantou alguns quilômetros na atmosfera antes de retornar ao solo.
Habitat para a vida em Marte?
“Para ter vida, você precisa de energia, carbono, água e nutrientes. E um sistema vulcânico fornece tudo isso”, disse ao New York Times o pesquisador Steven Anderson, que não participou do estudo.
“É um artigo empolgante. Compreender a atividade atual em Marte é realmente um mistério e a chave para investigar sua evolução e habitabilidade”, disse Suzanne Smrekar, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, uma das responsáveis pela missão InSight.
Nos dois anos que detectou sinais internos de Marte, a sonda detectou inúmeros pequenos tremores. No entanto, são tremores pequenos. Marte é muito menor do que a Terra, e já esfriou bastante. Por isso não possui um interior tão agitado. No entanto, dentre os sinais detectados, grande parte vem do Cerberus Fossae. Smrekar diz ser “plausível que a atividade tectônica esteja relacionada à atividade vulcânica”.
O estudo foi publicado como preprint no arXiv e ainda não foi revisado por pares. Com informações de The New York Times.