Você já deve ter ouvido falar ou visto alguma ilustração sobre os insetos gigantes que circulavam pela Terra no passado. No entanto, em algum momento esses insetos gigantes desapareceram.
Cerca de 300 milhões de anos atrás, diversas espécies de insetos, como libélulas com tamanhos de gaivotas, vagavam pelos ares. Os insetos eram realmente gigantes, em comparação ao seu tamanho nos dias atuais.
Meganeura era a tal da libélula gigante. Na verdade, ela é uma parente da libélula, e não bem exatamente uma libélula. O inseto possuía uma envergadura (distância entre as pontas de suas asas) de até 0,7 metro.
O período onde ocorreu o auge do tamanho desses insetos ocorreu entre o final do período Carbonífero e início do período Permiano, cerca de 300 milhões de anos atrás. Algum tempo após isso, os insetos gigantes desapareceram.
A origem dos insetos gigantes
Os insetos se beneficiaram da alta concentração de oxigênio da atmosfera da Terra durante o período, de acordo com as explicações mais plausíveis. Para efeitos de comparação, a concentração de oxigênio na composição da atmosfera nos dias de hoje é de cerca de 21%. 300 milhões de anos atrás, essa concentração era superior aos 30%, chegando até aos 35%.
Os insetos não possuem pulmões. O oxigênio circula pelos seus corpos através de tubos extremamente finos chamados de espiráculos. Esses espiráculos ligam a parte externa de seus corpos aos tecidos que necessitam de oxigênio, irrigando seus corpos com os gases atmosféricos, que circulam livremente pelo corpo do inseto.
Essa alta concentração de gases permitiu, então, que os insetos crescessem de maneira impressionante. Anteriormente, o que limitou esse crescimento foi a gravidade, já que os insetos são invertebrados (ou seja, não possuem esqueleto) e a capacidade do tamanho das traqueias dos insetos limitada pelo tamanho das articulações desses animais.
Como os insetos gigantes desapareceram?
Em algum momento, os insetos gigantes desapareceram. O fim dos insetos gigantes levanta algumas hipóteses. Um estudo publicado em 2012 atribui a diminuição no tamanho dos insetos ao surgimento dos pássaros, pela predação dos insetos por esses novos ágeis animais voadores.
“O tamanho máximo dos insetos segue o oxigênio surpreendentemente bem à medida que sobe e desce durante cerca de 200 milhões de anos. Então por volta do fim do Jurássico e início do período Cretáceo, há cerca de 150 milhões de anos, o oxigênio sobe de repente mas o tamanho dos insetos diminui. E isto coincide realmente de forma impressionante com a evolução das aves”, disse à época da publicação do estudo o professor assistente Matthew Clapham.
Um estudo publicado em 2011 na revista PLOS One, atribui as variações do tamanho dos insetos porque à concentração de oxigênio na atmosfera, que tornou-se alta de mais a ponto de ser tóxica. Sim, se você não sabia, oxigênio de mais é tóxico. A nossa atmosfera é composta, em 78%, por nitrogênio, um gás inerte, e o oxigênio corresponde a apenas 21% da composição atmosférica, nos dias de hoje.
Segundo o estudo, o alto teor de oxigênio na atmosfera fez com que esses insetos passassem pela hiperóxia, uma irrigação excessiva de oxigênio. Isso ocorreu principalmente entre os insetos aquáticos, já que os insetos terrestres conseguem regular a entrada de oxigênio em seus espiráculos, e os insetos aquáticos não possuem essa regulação. Isso é corroborado pelo fato de que o gigantismo foi maior justamente entre os insetos aquáticos. Vale lembrar que as larvas são uma fase aquática de insetos terrestres.
Dessa maneira, os insetos maiores foram selecionados, pois com um tamanho maior, a concentração de oxigênio dentro de si era mais diluída, evitando a toxicidade do gás. Nessa leitura, não foi exatamente um benefício, mas uma fuga.
No enquanto, quando o nível de oxigênio na atmosfera caiu, os insetos grandes tiveram seu desempenho diminuído. Essa redução na concentração de oxigênio não foi imediatamente fatal, mas podemos associar essa queda no desempenho ao aumento na predação e, dessa forma, os insetos gigantes desapareceram.