Pessoas ruivas têm níveis diferentes de tolerância a dor

Mateus Marchetto
Pesquisadores descobriram um mecanismo de resistência a dor em indivíduos ruivos. (Lorri Lang/Pixabay )

Desde 2005, estudos já mostravam que pessoas ruivas têm níveis diferentes de tolerância a dor daquelas pessoas não-ruivas. Muito se debateu desde então sobre os motivos para tal diferença, mas as hipóteses eram bastante variáveis.

No entanto, um estudo publicado no periódico Science Advances mostrou um possível mecanismo molecular para explicar a diferença dos níveis de dor nos indivíduos ruivos. Para avaliar isso, os pesquisadores utilizaram linhagens de ratos de laboratório com fenótipos ruivos e albinos.

Os pesquisadores observaram que nos ratos e humanos ruivos, há uma perda do receptor de melanocortina 1 (MC1R). Esse receptor, presente na superfície das células epidérmicas se liga a hormônios – melanocortinas – que sinalizam para a produção de pigmentos, como a melanina.

Acontece que esse receptor também está relacionado à nocirecepção das células, ou seja, a percepção da dor. Pessoas ruivas, por sua vez, tendem a ter um efeito analgésico mais intensificado em suas células, devido a um aumento da ligação de endomorfina, um neurotransmissor relacionado à dor.

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Assim, pessoas ruivas não possuem os receptores MC1R e, por esse motivo, acabam tendo menos efeito da dor em seus neurônios.

Mecanismo da dor

A dor física é um indicativo de que algo de errado está acontecendo com o corpo de um animal. Ainda há um grande debate bioético para compreender o que realmente define a dor e até que ponto insetos e peixes também sentem isso da mesma forma que mamíferos. De uma forma ou de outra, a nocirecepção é um mecanismo evolutivo de sobrevivência.

Quando você corta o dedo, por exemplo, suas células identificam uma lesão que pode se tornar um problema mais sério. Essas células liberam milhares de neurotransmissores que chegam aos neurônios periféricos e transmitem a mensagem ao cérebro. Assim você pode limpar o machucado, colocar um curativo e prevenir uma infecção que acabaria com seu dedo.

no entanto, o estudo mostra que animais ruivos podem ter esse mecanismos atenuados em relação a outros fenótipos mais comuns. De acordo com os autores, por conseguinte, esse mecanismo molecular pode fornecer novos tratamentos para casos onde um paciente passa por dores recorrentes e agudas.

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Skica911/Pixabay

Uma compreensão melhor desses receptores e neurotransmissores pode, por exemplo, ajudar no desenvolvimento de um analgésico que tenha como alvo moléculas diferentes dos fármacos atuais. Isso pode ajudar com a variedade e resistência a certos medicamentos.

O artigo está disponível no periódico Science Advances.

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