Se alguém alguma vez acusou você de parecer menos inteligente porque você xinga demais, não se preocupe — a ciência vai te defender. Um novo estudo descobriu que aqueles que têm um repertório saudável de palavras malditas à sua disposição são mais propensos a ter um vocabulário mais rico do que aqueles que não fazem uso desse recurso linguístico peculiar.
Isso desafia o estereótipo de longa data que as pessoas que usam palavras insultuosas porque não conseguem encontrar palavras mais inteligentes para se expressar. Como Stephen Fry disse uma vez: “O tipo de pessoa sentimentaloide que pensa que xingar é, de qualquer forma, um sinal de falta de educação ou falta de interesse verbal é apenas a p***a de um lunático”.
Os psicólogos Kristin Jay e Timothy Jay do Colégio Marista e o Colégio de Artes Liberais de Massachusetts (não está claro se relacionados) surgiram com a hipótese de que as pessoas que são bem versadas em palavras de xingamento têm maior probabilidade de ter maior fluência geral do idioma.
Para o primeiro experimento, eles reuniram 43 participantes (30 mulheres) com idades entre 18 e 22 anos, e primeiro pediram que despejassem tantas palavras “sujas” ou tabu quanto pudessem em 60 segundos. Em seguida, eles tiveram que recitar tantos nomes de animais quanto puderam também em 60 segundos. Os pesquisadores usaram nomes de animais como indicação do vocabulário geral e interesse em linguagem de uma pessoa.
Como qualquer palavra ou frase inglesa inteligível inglesa foi considerada um jogo justo, os participantes acabaram gerando um total de 533 palavras tabu, incluindo o bastante obscuro “receptáculo de sêmen”, entre outras. Os participantes também se submeteram a outros Teste de Fluência Verbal, as chamadas tarefas FAS, que são testes padronizados nos quais participantes devem produzir tantas palavras quanto possível de uma categoria em um determinado tempo (geralmente 60 segundos) de modo a determinar a fluência semântica.
Em um segundo experimento, outros 49 participantes (34 mulheres) com idade entre 18 e 22 anos foram convidados a realizar uma tarefa similar — desta vez foram convidados a escrever tantas palavras de xingamento e nomes de animais começando com a letra “a” quanto conseguissem. Eles também completaram as tarefas do teste FAS para avaliar a fluência geral do idioma.
Publicando no jornal Language Sciences, os pesquisadores também descobriram que as palavras de baixo calão expressivas foram geradas a taxas mais elevadas do que insultos, e havia pouca diferença entre o que os participantes femininos e masculinos poderiam bolar. “Consistente com os achados que não mostram uma diferença de sexo no tamanho lexical tabu, também não foi obtida nenhuma diferença geral de sexo na geração de palavras tabu”, relatam.
Eles descobriram que a capacidade de gerar palavrões não foi sinônimo de um índice de pobreza geral na linguagem — na verdade, eles descobriram que a fluência do tabu está positivamente correlacionada com outras medidas de fluência verbal.
“Ou seja, um volumoso léxico tabu pode ser melhor considerado um indicador de habilidades verbais saudáveis, em vez de uma cobertura para suas deficiências”, concluem os pesquisadores. “Os falantes que usam palavras tabu compreendem seu conteúdo expressivo geral, bem como distinções matizadas que devem ser desenhadas para usar os insultos adequadamente. A capacidade de fazer distinções matizadas indica a presença de mais conhecimentos linguísticos, em vez de menos, como implicado pela visão de POV [Poverty of Vocabulary, ou seja, Pobreza de Vocabulário]”.
Agora, é claro, deve-se dizer que o tamanho da amostra para este estudo foi pequeno, mas até uma coorte maior seja avaliada, podemos olhar para um dos maiores mestres vivos da língua inglesa, Stephen Fry, pela sua visão. Observe abaixo (vídeo sem tradução para o português) enquanto ele discute as alegrias de xingar, e sinta a sua doce defesa. Mas lembre-se: falar um “f**ing” ou um “que se foda” em uma entrevista de emprego ainda não é aconselhável.