Cientistas encontram o cão mais antigo das Américas, datando de 12 mil anos

Mateus Marchetto
Imagem: AFP/Proyecto Xulo

Cães e humanos evoluíram e migraram de forma bastante simultânea nos últimos 50.000 anos. Nossos amigos caninos vêm, nesse tempo, se alimentando dos restos de comida que produzimos, além de terem ficado cada vez mais próximos de nós. Agora pesquisadores descobriram o cão mais antigo no registro fóssil das Américas.

Há mais de 40 anos, paleontólogos e arqueólogos descobriram um sítio de escavação bastante diverso, ao nordeste da Costa Rica. Após as escavações que, ademais, só foram começar nos anos 90, pesquisadores encontraram fósseis de cavalos selvagens gigantes, tatus do tamanho de motos e ancestrais dos elefantes, como mastodontes.

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Ilustração de um mastodonte. Imagem: OpenClipart-Vectors / Pixabay 

Contudo, nesse mesmo sítio de escavação, as equipes encontraram o osso da mandíbula de um canino. Na época, o bicho acabou classificado como um coiote – o que segundo especialistas foi bastante estranho, já que coiotes só chegaram à Costa Rica há apenas alguns 100 anos.

A datação do fóssil mostrou que este tinha em torno de 12.000 anos de idade e análises genéticas confirmaram que o animal na verdade fora um cachorro. Isso faz desse fóssil, portanto, o cão mais antigo das Américas, superando um fóssil de pouco mais de 10.000 anos, do Alasca.

“Nós achamos que era muito estranho ter um coiote no Pleistoceno, portanto 12.000 anos atrás,” diz o pesquisador Guillermo Vargas ao AFP. “Quando começamos a olhar para os fragmentos dos ossos, nós começamos a ver características que poderiam ter sido de um cachorro.”

“Então nós continuamos procurando, examinamos [o fóssil]… e ele mostrou que era um cão vivendo com humanos 12.000 anos atrás na Costa Rica.”

O cão mais antigo da América pode mudar o que sabemos sobre a migração humana

Pesquisadores já suspeitavam que os cães poderiam ter saído da Ásia – junto com humanos – e partido em direção às Américas há alguns 15.000 anos. Contudo, o fóssil do Alasca, citado acima, era a única evidência para tanto.

Agora o fóssil do cão mais antigo das Américas muda tudo. Isso porque humanos e vira-latas caramelo poderiam já ter cruzado a ponte de gelo entre a Rússia e o Canadá há muito mais tempo do que pensávamos. Vale lembrar que durante a última era do Gelo, as pontas dos continentes asiático e norte-americano se conectavam por grandes geleiras.

Inclusive, há muito debate na comunidade científica sobre quando os seres humanos realizaram essa passagem pelas primeiras vezes. Evidências encontradas no Novo México mostram que humanos poderiam estar andando em solo norte-americano há mais de 20.000 anos.

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Imagem: Dorota Kudyba / Pixabay 

Nessa época, aliás, é provável que os cães já estivessem bastante domesticados e acompanhassem as migrações humanas. Como cães sempre estão, no geral, acompanhados de humanos, esta também é a evidência mais antiga da presença humana na Costa Rica nessa época.

“Os primeiros cães domesticados entraram no continente em torno de 15.000 anos atrás, um produto dos asiáticos migrando pelo Estreito de Bering,” afirma o biólogo Raul Valadez, também ao AFP.

Em suma, devido à estreita relação entre humanos e caninos, pesquisadores agora sabem que nossa história no solo americano é provavelmente muito mais antiga do que sabemos. Tudo isso sem quaisquer fósseis diretos de seres humanos, apenas de nossos amigos de quatro patas.

Com informações de Agence France-Presse.

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