Cães da idade do bronze tinham dieta baseada em cereais

Mateus Marchetto
Imagem: Mat Coulton/Pixabay

Os cães e humanos já têm uma relação de longa data. Estimativas mostram que a domesticação dos nossos amigos caninos pode ter começado em algum momento entre 100 e 50 mil anos atrás. A princípio os cães eram muito semelhantes aos lobos, e provavelmente se aproximaram dos humanos procurando restos de comida ao redor dos acampamentos.

Contudo, após termos aprendido a cultivar cereais, nós, humanos, mudamos radicalmente a nossa dieta. Os Homo sapiens, essencialmente, eram caçadores-coletores, treinados pelo instinto a encontrar raízes, cogumelos e presas para sustentar a tribo nômade. Há mais ou menos 12 mil anos, os H. sapiens começaram a plantar cevada e trigo, por exemplo, fornecendo uma fonte de energia completamente nova.

Acontece que os cães da época acompanharam essa mudança na dieta. As massas passaram a ser muito mais abundantes e, conquanto houvesse uma severa escassez de comida, estudos mostraram que os cães da idade do bronze alimentavam-se principalmente de cereais.

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Cães onívoros ou carnívoros?

Os lobos e ursos pré-históricos não eram apenas carnívoros – esses animais recebem a alcunha de super-carnívoros. Esse título é dedicado a animais que consumam mais de 70% de carne em suas dietas. Mas então como os lobos sanguinários e selvagens de 50 mil anos atrás viraram pugs que comem basicamente de tudo?

Primeiro, é importante ressaltar que os lobos não viraram pugs. Acontece que ambos cães domésticos e lobos modernos tiveram um ancestral comum, uma população animais que se separou e acabou dando origem a dois grupos de animais diferentes. Aqueles mais próximos dos assentamentos humanos foram evoluindo até formar os cães modernos, relativamente adaptados a digerir carboidratos.

Por outro lado, animais que permaneceram selvagens deram origem aos lobos cinzentos e cães selvagens de hoje, que se alimentam essencialmente de carne.

O estudo de 2019, citado anteriormente, publicado no periódico Archaeological and Anthropological Sciences, mostra como cães da Idade do Bronze se alimentavam majoritariamente de cereais fornecidos pelos humanos.

Ademais, os pesquisadores puderam observar, em fósseis de cães vindos do norte da Península Ibérica (na Espanha, mais especificamente) que os caninos ajudavam com trabalhos diários. Lesões em vértebras dos animais indicaram uma possível relação ao transporte de pequenas cargas. Além disso, acredita-se que os cachorros tinham um papel essencial no pastoreio e defesa das tribos.

O artigo está disponível no periódico Archaeological and Anthropological Sciences.

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